nov 142014
 

DSCN6280Conhecer uma escola japonesa é conhecer todas as outras? Não é bem assim. Muito se discutiu sobre a reforma do ensino a partir da década de 1990, porque, com a globalização, ficou claro que faltava aos japoneses mais criatividade, independência e o desejo de continuar aprendendo durante toda a vida. Na prática, o aluno estudava muito, se preparava para uma boa universidade, recebia o diploma, começava a trabalhar e só. Seu emprego continuava até a sua aposentadoria, em muitos casos, sem que tivesse que aprender alguma coisa além da rotina do trabalho. Hoje, depois do fim da bolha econômica, tudo mudou.

Houve uma reforma no sistema educacional em 2002, radical, na opinião de educadores, que resultou na eliminação das aulas aos sábados (até 1990, o aluno japonês tinha 240 dias letivos, contra 180 dos americanos), para diminuir a pressão sobre os estudantes. Agora, além das tradicionais aulas de matemática, japonês, inglês, geografia e história, que são ministradas nos três anos que duram o curso colegial, há aulas de educação doméstica, artes e informação, conforme o ano. A matéria mais nova, que reflete essa reforma, está presente no 2° e no 3° ano, é o “Sogo”, que pode ser traduzido como “estudos integrados”. Aqui, o assunto depende do interesse de cada um, e não tem a ver com as matérias exigidas nos exames vestibulares, mas são e serão importantes na vida de todos. Exemplos: meio-ambiente, globalização e tecnologia da informação.

Ao entrar no Kanazawa Nisui Koto Gakko, uma surpresa: com um enorme pátio coberto de linhas modernas, em nada lembra aquelas escolas que apareciam em filmes. Mais parece um shopping center ou edifício de escritórios. A construção é de 1999, mas a escola existe desde 1949. Todos os visitantes são obrigados a tirarem o sapato e colocarem o chinelo. No caso dos alunos, eles usam um calçado próprio para uso interno. Assim, a escola está bem limpa. Trata-se de uma escola mantida pela província de Ishikawa. Em Nisui estudam 1200 alunos, 400 em cada ano, divididos em 10 classes por ano. Se nos anos 90 começaram a incentivar o ensino sob o lema “educação com liberdade”, em Nisui levaram a sério. Aqui os alunos são mais comunicativos e parecem estudantes do Ocidente.

DSCN6284Há um rigoroso exame para ser admitido numa escola pública como a Nisui, porque o custo é menor do que numa escola particular. Mesmo assim, não é barato. Num colégio público paga-se em média 1.600 dólares de matrícula anual, mais 4.200 dólares durante o ano. Já numa escola particular, o valor dobra, e por isso, os pais economizam e guardam um valor todos os meses para que os filhos possam estudar. Além disso, há despesas de transporte e alimentação, pois a escola não dá comida. E por isso os japoneses têm poucos filhos e hoje a população está diminuindo. O nível colegial não é obrigatório no Japão, é caro, e mesmo assim, 96% das pessoas terminam o colégio, sendo o índice mais alto do mundo.

A escola Nisui, como praticamente todas as outras, têm o início das aulas às 8h30 e continua até 16h30. Depois, começam as atividades chamadas de “club”, que são as extracurriculares, como as esportivas tênis, beisebol, badminton, equitação e tênis de mesa, e culturais como culinária, jornalismo, shodô e coral. Essa atividade dura 2 horas em média. Tempo para assistir TV e entrar no facebook? Muito pouco, pois precisam fazer as lições em casa. Nos finais de semana também há atividades dentro da escola e fora dela, por isso é comum ver estudantes uniformizados nas ruas, mesmo aos domingos. Sabe-se que de todos esses estudantes colegiais, cerca de 53% irão disputar vagas em 220 faculdades públicas e 500 particulares. E outros 18% irão para escolas especializadas em alguma atividade.

Sem dúvida alguma, o Japão é um país que prioriza a educação.

Leia sobre o Sistema Educacional Japonês

Conhecendo uma escola colegial japonesa – 2

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