Pesquisa realizada por uma empresa independente com 1.212 pessoas de ambos os sexos acima de 20 anos de idade, em todo o Japão, em 2015, revelou que o beisebol continua sendo o esporte preferido, seguido pelo futebol e o tênis de campo. Entre as novas modalidades adicionadas nos próximos Jogos de Tóquio, 70% disseram preferir o beisebol e o softbol, seguidos pelo karatê e o boliche.
O beisebol é, há muito tempo, o esporte nacional do Japão. Em quase todas as escolas, o campo ocupa um bom pedaço do terreno disponível e, talvez por isso, os jogadores mirins são vistos em qualquer lugar. O campeonato nacional colegial da modalidade, conhecido como Koshien, que é o nome do campo onde se realizam os principais jogos, é um grande evento de verão e é transmitido para todo o país.
O beisebol foi introduzido em 1872 e a liga profissional foi fundada em 1936. Em 1950, devido a grande quantidade de times, a mesma foi dividida em Liga Central, com as equipes mais antigas, e a Liga Pacífico, com os clubes novos da época. Ambas continuam até hoje. Atletas americanos, cubanos, nicaraguenses e até brasileiros são convidados a jogar nesses disputados torneios, porém, o regulamento permite a participação de apenas quatro jogadores estrangeiros por time.
Principal modalidade no Brasil, o futebol só se tornou popular há pouco mais de 20 anos, mais exatamente em 1992 quando a J-League foi fundada reunindo 18 times. Apesar disso, a história revela que um grupo de amadores disputou os Jogos Olímpicos de Berlin, em 1936, com a camisa do Japão, derrotando a então poderosa Suécia por 3 a 2. Já na categoria feminina, o futebol é pouco praticado e há poucos torcedores. Isso poderá mudar dependendo dos próximos resultados, pois a equipe feminina japonesa conquistou surpreendentemente a Copa do Mundo de 2011, vencendo os Estados Unidos na final.
Yamate Park, em Yokohama, foi o primeiro parque em estilo ocidental construído no Japão, em 1870. Reduto de estrangeiros, o local sediou a primeira partida de tênis em solo japonês em 1876. E, dois anos depois, foram construídas quatro quadras no local, marcando a chegada oficial do esporte naquele país.
Quando foi proposto ensinar a educação física no estilo ocidental nas escolas, o tênis de campo foi uma das modalidades escolhidas. Na época, as bolas eram importadas e caras, sendo substituídas por aquelas flexíveis de borracha. E assim surgiu o soft tênis, que ainda hoje é muito praticado em escolas. Desde o sucesso de Kei Nishikori, que chegou a ser o número 4 do mundo em 2015, a modalidade ganha bastante destaque na mídia, o que poderá levar ao surgimento de outros bons atletas.
Correr e correr
Embora os japoneses não sejam os campeões da modalidade, a maratona é bastante praticada no Japão. Assim como no Brasil, as corridas de rua são populares e contam com muitos participantes. Por ser um país que prioriza o trabalho em grupo, era natural que o povo nipônico tivesse preferência por modalidades em equipe. É o que acontece com a corrida de revezamento. A primeira, conhecida como Ekiden, foi criada em 1917 pelo jornal Yomiuri Shimbun, em um percurso de 508 km ligando Quioto a Tóquio. Atualmente, diversos Ekiden são realizados em todo o Japão e o percurso varia bastante.
No campeonato nacional ginasial, por exemplo, cinco meninas correm 12 km no total, enquanto seis garotos perfazem um percurso maior, de 18 km. Já no campeonato colegial, cinco meninas devem correr 21 km e os sete meninos correm o dobro, 42,195 km. No campeonato interestadual, nove mulheres correm 42,195 km, enquanto sete homens correm 48 km. Há outros campeonatos universitários e regionais, sendo que o percurso mais longo é o Kyushu Ekiden, com 1064 km, cuja prova começou em 1951, sendo o percurso mais longo do mundo. A prova é realizada em dez dias. Os campeonatos são bastante populares e os principais contam com transmissão ao vivo pelas TVs.
Apesar de não ser a modalidade mais praticada nas escolas, o basquete vem ganhando destaque desde que Yuta Yabuse, de 1,75 metros, trocou a equipe Toyota Alvark, onde disputou a Liga Japonesa, pelo Dallas Mavericks da NBA americana, em 2003. Ele trocou de time várias vezes e retornou ao Japão em 2008.
Seis anos mais jovem e mais alto, Takuya Kawamura, de 1,93 metros, seguiu do Japão para os EUA em 2009 para jogar no Phoenix Suns e hoje defende o Yokohama B-Corsairs no Japão. Além deles, merece destaque o desenhista Takehiko Inoue que, entre 1990 e 1996, produziu a série de mangá “Slum Dunk”, um grande sucesso, que alcançou mais de 120 milhões de exemplares vendidos, enfocando o basquete como tema. O sucesso desse mangá teria levado muitas a crianças a se interessarem pela modalidade. Inoue foi homenageado em 2010 pela Japan Basketball Association, na comemoração do 80º aniversário da entidade.
Sendo um dos países mais estruturados do mundo, todos os atletas e visitantes que presenciarão os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, esperam encontrar uma organização exemplar e uma perfeição em todos os detalhes quanto aos serviços locais. Dedicados como são, é possível que os japoneses consigam atender às expectativas dos visitantes e não farão feio. Por outro lado, não é possível, evidentemente, prever as medalhas que os japoneses conquistarão em seu território. Para isso, além do desempenho individual, contará com o investimento feito ao longo dos anos nas escolas e nas categorias infantis de cada modalidade disputada.
Autor: Francisco Noriyuki Sato, jornalista e editor. Escrito em Julho de 2017
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