:: BOMBA
ATÔMICA - GENSHIBAKUDAN A bomba atômica
é um ícone da Era
Contemporânea. Ela não foi criada pelos japoneses, mas foi
no Japão que ela foi
pela primeira vez usada contra pessoas, durante a 2ª Guerra
Mundial, em agosto
de 1945. Desde então a bomba atômica tornou-se
símbolo negativo do engenho
humano e brinquedo predileto almejado por líderes
políticos do mundo, sendo que
o povo japonês detém até hoje o trágico
recorde de ter sido a única nação a
experimentar na carne os efeitos de um bombardeio atômico. O que
é a bomba
atômica e como ela se incorporou à cultura de um povo
é algo que Cristiane A.
Sato, colaboradora do CULTURA JAPONESA, apresentará nesta
matéria. AVISO: Esta matéria
contém algumas
imagens de forte impacto. Recomenda-se ao leitor discernimento ao
prosseguir na
consulta. Para ver as fotos, clique
aqui. 6 DE AGOSTO Na história da
humanidade poucas
efemérides são tão importantes, ou celebradas com
tanta tristeza como a data de
6 de agosto. Em 6 de agosto de 1945, a
primeira bomba
atômica feita pelo homem e usada contra a própria
humanidade explodiu na cidade
japonesa de Hiroshima. Em 9 de agosto de 1945, foi a vez de outra
cidade:
Nagasaki - a maior comunidade cristã do Japão. Estima-se
que 70 mil pessoas
morreram na hora ou poucas horas depois das explosões. Outras
130 mil morreram
nos 5 anos subseqüentes, em função de ferimentos e
doenças causadas pela
exposição à radiação. Assim,
calcula-se que 200 mil pessoas teriam sido o custo
pago pela passagem da humanidade para a Era Nuclear, mas estas
são cifras
mínimas estimadas. A verdade é que nunca se saberá
ao certo quantas centenas de
milhares de vidas foram tomadas ou afetadas para sempre com apenas duas
explosões. Todos os anos, no dia 6 de
agosto em
Hiroshima, e 9 de agosto em Nagasaki, são realizadas enormes
cerimônias em
memória aos mortos das bombas atômicas, com a
presença do Imperador e da
Imperatriz. As cidades podem ter sido reconstruídas, mas o
trauma é permanente.
Cada um dos sobreviventes tem uma história de dor e terror, e
uma tristeza que
nunca desaparece. Muitos não conseguem sequer falar sobre o
assunto, mesmo
décadas depois. Os poucos que conseguem, mesmo após tanto
tempo, não conseguem
evitar a voz trêmula e as lágrimas. Em comum, cada hibakusha (sobrevivente da bomba) tem a esperança
de que aquilo que
aconteceu com eles nunca mais se repita. Numa época em que a
ameaça de que a
tecnologia das armas nucleares caia em mãos de grupos
extremistas terroristas,
e na qual um crescente número de nações almeja a
posse de tal tecnologia,
apesar dos já conhecidos enormes riscos e poucos
benefícios que a energia
nuclear oferece, é essencial relembrar
Hiroshima e Nagasaki. Paz mundial não é uma utopia, mas
uma necessidade para a
sobrevivência da humanidade. O slogan
"Hiroshima Nunca Mais" permanece tão atual quanto na
época em que foi
criado. Escrever sobre a Bomba
Atômica possui dois
aspectos distintos, como no filme "Titanic". Assim, neste artigo, o
assunto está dividido em duas partes - uma objetiva e outra
subjetiva, como no
filme. A primeira parte, de caráter mais técnico e
histórico, trata da bomba em
si e de detalhes do bombardeio. A segunda parte trata do impacto
humano, de
histórias e questões dos sobreviventes, e de como a bomba
gerou questionamentos
éticos e políticos até nossos dias,
incorporando-se à cultura contemporânea. BREVE HISTÓRIA DA
BOMBA ATÔMICA O texto a seguir foi
compilado do livro
"História em Revista - A Arte da Guerra", publicado pela
Time-Life e
Abril Livros em 1993. "Desde os primeiros anos do
século
XX, os cientistas sabiam que poderosas forças habitavam o mundo
invisível do
átomo. Em 1938, dois cientistas alemães conseguiram
romper o núcleo do maior
átomo da natureza: o do urânio. Nesse processo, houve
desprendimento de energia
- numa quantidade imensamente maior do que a gerada por
reações químicas.
(Cálculos subseqüentes indicaram que a fissão
nuclear, como o processo de
ruptura do núcleo do átomo ficou conhecido, podia
produzir 40 milhões de vezes
mais energia do que o máximo obtido por meios químicos,
inclusive a combustão
das bombas convencionais). Notícias do que os
alemães haviam
conseguido espalharam-se rapidamente e em breve os físicos da
Inglaterra,
França, Estados Unidos e Japão engajavam-se em
experiências similares. Em 1939,
na Universidade de Columbia, na cidade de Nova York, Leo Szilard,
refugiado
húngaro que abandonara seu país para escapar aos
nazistas, demonstrou que a
fissão nuclear liberava nêutrons, partículas
subatômicas que podem romper o
núcleo de outros átomos, liberando ainda mais
nêutrons - e assim por diante, em
uma reação em cadeia auto-sustentável. "Nessa
noite", afirmou
Szilard, "eu soube que o mundo se cobriria de tristeza". Entretanto, logo os
físicos descobriram
que a fissão auto-sustentável só era
possível com o U-235, um isótopo que constituía
uma ínfima fração do urânio de
ocorrência natural, ou com um novo elemento
chamado plutônio, que podia ser criado bombardeando com
nêutrons o principal
isótopo de urânio, o U-238. A obtenção de
quantidades significativas de
qualquer das duas substâncias propunha um problema
incrívelmente difícil à
física, à química e à engenharia. Durante
os anos da guerra, somente os Estados
Unidos dispunham de recursos e de meios científicos (sem contar
a capacidade
intelectual de dezenas de físicos que haviam fugido ao nazismo)
para a tarefa.
O esforço americano, conhecido como Projeto Manhattan, custou
mais de 2 bilhões
de dólares e, em seu auge, empregou mais de 600 mil pessoas,
trabalhando sob
condições cuidadosamente planejadas para manter o segredo. Às 5:30 do dia 16 de
julho de 1945, uma
bomba atômica feita de plutônio foi testada com sucesso no
campo de Alamogordo,
no Novo México. A centenas de quilômetros de
distância, as pessoas acharam que
havia ocorrido um terremoto, ou que um meteorito gigante caíra
nas
proximidades. A luz da explosão poderia ter sido vista
até em Marte. No mesmo
momento, o presidente Harry Truman estava em Potsdam - nos arredores de
Berlim
- discutindo a política do pós-guerra com Winston
Churchill e Joseph Stalin.
Quando foi confidencialmente informado por sua equipe do sucesso da
explosão no
Novo México, ele referiu-se à bomba como a "maior coisa
da história".
Ele tencionava usá-la para pôr fim à guerra com o
Japão. (...) No início da
manhã de 6 de agosto, um B-29
que recebera o nome de Enola Gay
decolou da ilha de Tinian com uma escolta de dois aviões e voou
2400
quilômetros até Hiroshima, uma cidade com 280 mil
habitantes e algumas fábricas
de material bélico. O avião aproximou-se a uma altitude
de 9450 metros, lançou
sua única bomba e afastou-se imediatamente da cidade em uma
manobra violenta.
Quarenta e três segundos depois, às 8:16:02 horas, hora de
Hiroshima, a bomba
explodiu, 580 metros acima do pátio de um hospital. A energia
liberada
equivalia a 20 mil toneladas de TNT. O Enola
Gay, que então já se afastara mais de 18
quilômetros do local, foi
chacoalhado como uma rolha, quando as ondas de choque o atingiram. O que aconteceu abaixo da
explosão foi a
devastação total. Um patologista americano pertencente a
uma equipe de
investigação após a guerra fez o seguinte relato:
"Junto com o clarão de
luz houve uma instantânea onda de calor (...) sua
duração foi provavelmente
inferior a um décimo de segundo, mas sua intensidade foi
suficiente para que os
objetos inflamáveis mais próximos (...) ficassem em
chamas, os postes fossem
lançados a 4 mil jardas (3658 metros), o granito se enrugasse, a
uma distância
de 1300 jardas (1189 metros) de distância". A bomba lançada em
Hiroshima foi apelidada
de Little Boy. Media pouco menos de 3
metros de comprimento, pesava 4 toneladas e foi armada com uma carga de
urânio
235. Para impedir uma explosão prematura, ela tinha três
detonadores separados.
O último detonador foi acionado por radar, quando a bomba
estivesse cerca de
580 metros de altitude, altura esta que segundo cálculos
provocaria danos
máximos à cidade. A bomba lançada em Nagasaki era
um pouco diferente da de
Hiroshima. Chamada de Fat Man, ela
era mais arredondada e um pouco maior que a Little
Boy. Media 3 metros e 20 centímetros de comprimento, tinha
um diâmetro de
um metro e meio, pesava 4 toneladas e meia e tinha uma carga de
plutônio 239. A
potência da bomba de Hiroshima foi de 13 quilotons (o equivalente
a 13 mil
toneladas de TNT). Ela destruiu literalmente tudo que havia num raio de
dois
quilômetros da explosão (a título de
comparação, supondo que uma dessas bombas
explodisse na cidade de São Paulo sobre a Catedral da Sé,
no centro da cidade,
a área de destruição total abrangeria os bairros
da Liberdade, Cambuci, Brás,
Bom Retiro, Bela Vista, República e a região
próxima à Universidade Mackenzie).
A taxa de sobrevivência no raio de um quilômetro do
epicentro da explosão foram
de menos de um habitante a cada grupo de mil. Robert Lewis, co-piloto
do Enola Gay, referindo-se à explosão,
escreveu
em seu diário: "Meu Deus, o que foi que nós fizemos?" AUSÊNCIAS Quando o assunto é
bomba atômica, algumas
imagens são iconográficas. Tornaram-se clichês em
nossa memória. De imediato
vêm à mente o cogumelo de fumaça e as ruínas
esqueléticas de um único prédio
que permaneceu em pé no centro de Hiroshima, numa paisagem onde
tudo mais virou
cinzas e escombros que não passam da altura dos joelhos.
Curiosamente, não há
nessas imagens a presença de pessoas. Não vincular tais
imagens de destruição a
pessoas não é um acaso. Durante décadas evitou-se
mostrar o que a bomba atômica
causou aos habitantes de Hiroshima e Nagasaki. Mesmo considerando-se o
grau de
preconceito anti-nipônico que havia no ocidente durante a 2ª
Guerra, mostrar as
imagens do que as explosões causaram à carne humana, era
censurado. Durante
anos relatos dos sobreviventes e imagens de restos mortais que se
misturaram
aos escombros do que antes foram cidades cheias de vida e atividade,
cada uma
na época com mais de 200 mil habitantes, não puderam ser
trazidos à tona na
grande imprensa. Entre os japoneses, durante
décadas, as
palavras "bomba atômica", "Hiroshima" e
"Nagasaki" foram um tipo de tabu e raramente eram pronunciadas juntas
numa mesma frase. Tendo se passado mais de 60 anos do fim da 2ª
Guerra Mundial,
logo não haverá mais sobreviventes das explosões
para relatar suas tristes
experiências, mas o legado permanece através de algo menos
visível. As novas
gerações de japoneses e seus descendentes aprendem o
significado da bomba
atômica, antes mesmo de saber exatamente o que ela foi,
através de ausências.
Permitam-me contar duas histórias individuais. Yppe Nakashima foi um
imigrante japonês
que veio viver no Brasil logo que as relações
diplomáticas entre ambos os
países, suspensas durante a 2ª Guerra, foram retomadas. Ele
se estabeleceu em
São Paulo, num grande edifício de apartamentos no centro
da cidade. Era um
artista formado em Kyoto, onde também aprendeu técnicas
cinematográficas e
animação. Em sua nova pátria Nakashima passou a
atuar em publicidade, mas ele
tinha um projeto pessoal mais ambicioso: realizar o primeiro desenho
animado
longa-metragem em cores do Brasil. Meus avós maternos moravam no
mesmo prédio
em que Nakashima-san morava, e tornaram-se amigos. Nos anos 60, com recursos
limitados,
Nakashima-san teve a idéia de recorrer à colônia
japonesa para realizar seu
longa-metragem animado. Ele não pediu dinheiro, mas
mão-de-obra voluntária. Ele
publicou anúncios em um jornal da colônia pedindo para
pessoas que tivessem
alguma aptidão para desenhar que viessem ajudá-lo na
produção do desenho. Ele
não tinha condições de remunerar seus auxiliares,
mas retribuia os
colaboradores com hospitalidade e refeições. Aos amigos
que não desenhavam, ele
pediu ajuda de outras formas. A família de meu avô fez
parte de um tipo de
mutirãozinho que durou meses, reservando páginas de
revistas de fotos em cores,
que Nakashima-san depois selecionaria, recortaria e montaria para usar
em sua
animação. Minha mãe chegou a pintar acetatos para
o Nakashima-san, que em
retribuição a presenteou no dia de seu casamento com um
quadro em aguada, com a
vista da cidade que ele tinha da janela de seu apartamento, mostrando o
alto
dos edifícios da Avenida Paulista no horizonte. Numa tarde, meu avô me
convidou para ir ao
cinema para ver "Piconzé" - um desenho que estava sendo
anunciado com
ênfase nos jornais da colônia, mas do qual mal havia um
anúncio nos jornais em
português. Fomos a um pequeno cinema, que ficava numa galeria na
rua Barão de
Itapetininga. Havia pouca gente na platéia. Na volta para casa,
andando pelas
ruas esvaziadas no fim da tarde, meu avô me comentou,
estranhamente
entristecido, que o desenho que tínhamos acabado de ver havia
sido feito pelo
Nakashima-san - uma obra que levou dez anos para ser realizada. E
daí ele me
contou que o amigo havia morrido fazia pouco tempo. Mesmo para os
padrões da
época, Nakashima-san faleceu jovem, na casa dos 40 anos. Depois,
fiquei sabendo
que ele era um sobrevivente de Nagasaki. Ele parecia uma pessoa normal,
mas
desde a explosão sua saúde tornou-se frágil.
Não houve exames ou testes
científicos que ligassem a morte dele à
radiação - nada havia no Brasil na
época para apurar isso. Já em minha infância a
expressão "bomba
atômica" tornou-se sinônimo de uma
assombração que era capaz de perseguir
suas vítimas, por mais tempo que se passasse, por mais distante
que elas
estivessem do local onde a coisa ocorreu. Em 1984, entrei num cursinho
para me
preparar para a Fuvest. No segundo dia de aula conheci uma menina de 18
anos,
Leiko. Eu e uma menina não-descendente que estava concorrendo a
uma vaga em
jornalismo nos tornamos colegas dela. A que chegasse primeiro reservava
lugares
para as demais, uma vez que as salas ficavam lotadas nos primeiros
meses de
aula. Leiko era afável, mas não era de conversar. Era com
certeza a mais séria
de nós três. Durante algum tempo, ela freqüentou
diariamente o cursinho, e
depois começou a faltar um dia ou dois por semana. Quando
perguntávamos o que
tinha ocorrido, ela apenas respondia que tinha passado mal. Nunca
suspeitamos
de algo sério. Um dia, ela parou de vir às aulas, mas
continuamos reservando
uma carteira para ela. Durante duas semanas esperamos que ela voltasse.
Quase um mês
após a última vinda da Leiko
ao cursinho, o professor de química entrou na sala alterado. Ao
invés de
"despejar" a matéria de imediato como de costume, ele disse que
estava vindo de um funeral de uma menina que estudava em nossa sala:
ela. Eu e
minha colega tivemos um choque. O professor, que conhecia a
família dela, passou
a contar a história de uma tragédia familiar. Os pais da
Leiko eram
sobreviventes da explosão de Hiroshima. Sem seqüelas
aparentes e acreditando
que não haviam sido afetados pela radiação,
tiveram filhos e construiram uma
vida na nova pátria. Tudo ia bem, até que no ano anterior
o filho do casal,
irmão mais velho da Leiko, foi diagnosticado com leucemia e
faleceu em poucos
meses, aos 18 anos. Um ano depois, a filha também morre, da
mesma forma e com a
mesma idade que o irmão. Os pais estavam mais do que
inconsoláveis - amigos e
familiares temiam que eles fizessem algo contra si mesmos. Cientistas
afirmam
que as taxas de câncer entre os sobreviventes da bomba são
"levemente
acima do normal". Fiquei me perguntando como esses cientistas
explicariam
isto a aqueles pais? Transtornado, naquele dia o professor trocou as
regras das
equações químicas e as musiquinhas para decorar a
tabela periódica por um
discurso contra as armas nucleares. Até hoje me recordo da
explicação
do "efeito foguete", relatado por mães que tiveram seus
bebês
arrancados das costas pela força do vento da explosão (as
mães japonesas tinham
o hábito de carregar os bebês com grandes lenços
amarrados nas costas). Sei que são meras
conjecturas, mas não
consigo deixar de pensar no que Nakashima-san e Leiko poderiam ter
realizado se
tivessem tido mais tempo. E no quanto essas mortes prematuras me
parecem
injustas. Enquanto seu corpo permitiu, ela veio ao cursinho - atitude
de quem
confia no futuro, tem esperança. Nakashima-san tinha
esboços para um segundo
longa-metragem animado. Recentemente, "Piconzé" teve seu valor
reconhecido ao ser restaurado e exibido pela primeira vez no
Japão, no Festival
Internacional de Animação de Hiroshima, representando o
Brasil. É desta maneira - por
ausências - que
muitos japoneses e seus descendentes aprendem o que é a bomba
atômica. É algo
muito diferente da técnica, fria e científica
descrição que a maioria dos
livros expõem. RELATOS E IMAGENS Outra maneira pela qual
sabemos o que
significa a bomba atômica é pelo relato dos sobreviventes,
os hibakusha. Ao longo de décadas
divulgou-se amplamente
- talvez para reduzir o desconforto que causa à
consciência - que a maioria das
vítimas das explosões atômicas morreram
instantaneamente. Os relatos de
sobreviventes, entretanto, nos leva a questionar tal
afirmação. Cientistas americanos
enviados a Hiroshima
para analisar os efeitos da explosão em objetos e pessoas
calcularam que os que
estavam dentro do raio de 1 quilômetro de distância do
hipocentro (denominação
técnica do local da explosão, também chamado de ground zero - expressão hoje famosa para assinalar
o local onde
ficava o World Trade Center, destruído no atentado terrorista de
11 de setembro
de 2001 em Nova York, mas que foi usada pela primeira vez em Hiroshima)
teriam
morrido de imediato - o que se subentenderia "sem sofrimento". Isso
porque nesta área o calor emitido pela explosão
alcançaria a temperatura de 6
mil graus Celsius (uma pista disso foram bolhas formadas em telhas de
pedra).
De fato, as pessoas que estavam a menos de 500 metros do hipocentro sem
qualquer objeto que eventualmente agisse como barreira contra os
efeitos
diretos da explosão não tiveram qualquer chance. O mero clarão da
explosão desintegrou
algumas pessoas. Durante anos uma misteriosa sombra impressa nos
degraus que
restaram da entrada de um prédio no centro de Hiroshima intrigou
os
pesquisadores, até que se descobriu tratar-se da sombra de uma
pessoa que
estava sentada naqueles degraus, desintegrada no momento da
explosão. Outras
centenas faleceram daquilo que passou a ser comumente chamado de
"fervura
do sangue" - a altíssima temperatura gerada pela explosão
fez tudo o que
fosse líquido ferver. No caso do corpo humano, o sangue entrou
em ebulição e
órgãos internos cozinharam. A morte foi tão
instantânea nestes casos que corpos
carbonizados de passageiros de bondes foram encontrados exatamente na
posição
em que estavam - alguns sentados segurando vestígios de bolsas
ou pacotes,
outros em pé, segurando-se nas barras de apoio. A grande
maioria, entretanto,
teve tempo suficiente para ter consciência de que iriam morrer,
subentendendo-se, obviamente, que houve sofrimento. Yoshitaka Kawamoto tinha 12
anos quando
estudava numa escola primária em Hiroshima, a 700 metros do
hipocentro. Teria
sido um dia de aula normal, quando todos ouviram o som de um
avião se
aproximando - o que era estranho, pois as sirenes de alerta não
haviam tocado,
o que de imediato teria feito os professores evacuar as salas e
direcionar os
alunos para os abrigos. A criançada curiosa levantou-se das
carteiras e correu
para as janelas para observar o avião. Kawamoto sentava-se longe
da janela, e
não conseguiu chegar até ela. Ele acha que no momento do
clarão ele estava
atrás de uma parede de concreto, que o poupou de queimaduras
mais sérias, e
quando veio o estrondo e o impacto da explosão, o andar de cima
desmoronou. Um
calor absurdo o fez sentir como se estivesse cozinhando vivo. Alguns
instantes
depois, em meio a pó, entulho, choro e gritos de desespero,
Kawamoto deu-se conta
de que estava ferido (um braço quebrado, estilhaços de
vidro pelo corpo e
queimaduras), mas estava vivo. Procurou seu melhor amigo, um colega de
classe,
chamando-o pelo nome. O amigo, muito ferido e cego pelo clarão,
o ouvia e
tentava ir até onde Kawamoto estava tentando ficar em pé,
mas caía ao fazê-lo,
provavelmente com a coluna fraturada. Kawamoto percebeu que não
apenas seu
amigo, mas todos seus colegas estavam na mesma situação,
gravemente feridos.
Queria ajudá-los, mas eram muitos e ele era o único que
ainda conseguia andar.
Sentindo que ia morrer, o amigo pediu a Kawamoto que entregasse seu
caderno à
sua mãe. Kawamoto remexeu no entulho até encontrar o
caderno do amigo e fugiu.
No pátio da escola, encontrou seu professor de
educação física. O homem estava
completamente desfigurado, em carne viva, com grandes pedaços da
pele
desgrudados do corpo, mas Kawamoto reconheceu-o pela voz. Mesmo naquele
estado,
o professor estava carregando um aluno morto, e lhe ordenava a ajudar a
recolher os corpos de outros alunos que estavam espalhados pelo
pátio,
amontoando-os sobre um carrinho para carregar material. Não
houve tempo para
fazer muito. Pouco depois, o professor simplesmente caiu morto. Durante horas, Kawamoto
andou pelas ruas
de Hiroshima procurando ajuda, mas tudo que ele encontrava era mais
mortos,
gente queimada, desmembrada e incêndios. A
destruição tinha tornado a cidade
irreconhecível e ele vagou perdido pelo que havia restado das
ruas, até
finalmente desmaiar de exaustão. Acordou olhando para um
soldado, que lhe
explicou que ele havia ficado inconsciente e delirado por dias. Alguns
dias
depois sua mãe, ilesa por morar na zona rural de Hiroshima,
atrás das montanhas
que circundam a cidade, o encontrou. Em casa, Kawamoto adoeceu e perdeu
os
cabelos - a "doença da bomba". Na época, isso era
prenúncio de morte
certa. "Se hoje estou vivo, é graças à minha
mãe", contou Kawamoto.
"Não sei o que ela me dava, mas lembro-me de que ela saía
às 3 da
madrugada para buscar uma erva que crescia a uma caminhada de uma hora
de casa,
com a qual ela fazia um remédio para eu tomar. Não sei se
foi essa erva, mas
aos poucos eu melhorei. Sem a dedicação dela, eu teria
morrido". Kawamoto
foi o único sobrevivente da escola onde estudava. Assim como muitos hibakusha, Kawamoto procurou reconstruir sua vida
evitando as
lembranças do dia da explosão. Posteriormente, ele
procurou a mãe do amigo, a
quem havia prometido entregar o caderno de classe. Infelizmente,
Kawamoto
perdeu o caderno quando desmaiou no dia da explosão, mas cumpriu
o desejo
último de seu amigo, de ao menos fazer sua mãe saber que
ela estava em seus
últimos pensamentos. Kawamoto casou-se mas não teve
filhos, temendo que a
exposição à radiação causasse danos
a seus descendentes. Entretanto, já
sexagenário, decidiu enfrentar a dor das lembranças e
tornou-se diretor do
Hiroshima Peace Memorial Museum. Durante anos ele narrou pessoalmente
sua
história aos visitantes do museu, diante da maquete que reproduz
a cidade em
ruínas pouco depois da explosão, indicando com o
próprio dedo onde se
localizava a escola onde sua geração pereceu. Nenhum relato entretanto
tornou-se mais
completo, mais comovente e mais conhecido no mundo inteiro que uma
história em
quadrinhos. Entitulada Hadashi no Gen (Gen,
Pés Descalços), esta narrativa de mais de 800
páginas foi escrita e desenhada
nos anos de 1972 e 1973 por Keiji Nakazawa - ele mesmo um sobrevivente
da
explosão de Hiroshima. Não se trata de uma
história em quadrinhos ficcional.
"A história de Gen é a minha história; a
família dele é a minha",
explica Nakazawa em entrevistas, que até hoje não
consegue evitar a emoção e a
voz embargada ao dizê-lo. No dia da explosão, Nakazawa
perdeu o pai, a irmã
mais velha e o irmão caçula, presos nos escombros da
própria casa, construída
de madeira e que ruiu com a onda de choque. Aos 7 anos, ele presenciou
sua
família ser carbonizada viva, quando o incêndio que tomou
a cidade após a
explosão atingiu a casa. A QUESTÃO HIBAKUSHA Nem todas as
histórias de sobreviventes da
bomba são uma sucessão de tragédias. Embora raras,
algumas dessas pessoas têm
experiências relativamente felizes para relatar, embora as
tristes lembranças
do que elas viveram no dia da explosão tenham alterado suas
vidas para sempre. Em 1945, Takashi Morita era
um jovem
soldado mais preocupado em sobreviver do que lutar. Havia se alistado
pois no
exército ainda havia comida - o resto da população
no Japão passava fome com o
racionamento. Ele estava em Tóquio em março, quando nos
dias 9 e 10 os
americanos bombardearam a cidade por horas e 80 mil pessoas morreram.
Isso fez
com que ele pedisse transferência para sua cidade natal,
Hiroshima, que
curiosamente se mantinha intacta, poupada dos bombardeios. Ele achou
que seria
mais seguro voltar para casa. Após meses de espera,
Morita finalmente
conseguiu sua requisitada transferência - ele chegou à
cidade apenas poucos
dias antes do fatídico 6 de agosto. No dia da explosão,
ele estava num bonde,
com alguns outros soldados a caminho do quartel. Ele havia acabado de
descer do
bonde, quando sentiu o vento levantá-lo pelo ar e
arremessá-lo ao chão a quase
cem metros de onde estava. Ele ficou atordoado por alguns instantes, e
se
recorda de um súbito calor calcinante. Ao olhar para
trás, à procura de seus
colegas, viu que eles não haviam tido sorte. O bonde do qual
havia acabado de
sair estava em chamas, e ele achou que o veículo havia
explodido. Mas bastou
ele olhar ao redor para perceber que algo muito maior havia ocorrido.
Havia
muita gente ferida e a destruição era grande demais para
uma bomba comum. Ele
tentou socorrer um menino muito queimado, cujas últimas palavras
foram
"senhor soldado, por favor, vingue a minha morte". Infelizmente
aqueles eram tempos de guerra, e Morita ainda fica com os olhos cheios
de
lágrimas ao se recordar do desconhecido garoto. Mesmo sentindo
dor nas costas e
nuca (mais tarde Morita descobriu que eram queimaduras da
explosão atômica),
ele se dirigiu ao centro da cidade para ajudar no socorro à
população. As cenas
de terror daquele dia, mais de 60 anos depois, ainda lhe causam
pesadelos. Ele
se lembra de ter sentido uma sede anormal e repentinamente desmaiar,
vindo a
acordar dias depois num hospital de campanha. Tendo sido exposto à
radiação, Morita
adoeceu seriamente, perdeu os cabelos, mas diferentemente de muitos
sobreviveu.
Nos anos 50 decidiu tentar reconstruir a vida no Brasil. Estabeleceu-se
em São
Paulo, onde trabalhou como ourives e joalheiro. Aposentou-se mas
não parou de
trabalhar, e abriu duas mercearias especializadas em comida japonesa e
um
restaurante. Morita casou-se com uma sobrevivente de Hiroshima; teve
dois
filhos e vários netos. Como todo hibakusha,
Morita sempre se preocupa com a própria saúde e a de seus
descendentes, e
afirma aliviado que todos são saudáveis. Hoje octagenário,
Morita-san é um caso à
parte. Lúcido, ativo e bem-humorado, ele costuma dizer que "eu
passei por
dois dos piores bombardeios da 2ª Guerra no Japão.
Não sei se isso é sorte ou
azar. Se eu sobrevivi, é porque realmente não era para eu
morrer cedo".
Ele é certamente afortunado, mas isso não quer dizer que
Morita, assim como
todos os hibakusha - nome pelo qual
são conhecidos os sobreviventes das explosões
atômicas em Hiroshima e Nagasaki
- não tenham tido difíceis dias seguintes após a
bomba. Diferentemente do que hoje
se imagina, as
vítimas da bomba atômica não dispuseram de imediato
da simpatia ou da compaixão
pública. As explosões causaram problemas inéditos
na história da humanidade, no
campo da política, das relações internacionais,
até de ordem social. As
seqüelas permanentes das queimaduras radioativas - as
quelóides - desfiguraram
muitos dos sobreviventes a ponto de serem impedidos de terem uma vida
social
comum. A exposição à radiação criou
um medo generalizado de que descendentes
dos sobreviventes viessem inexoravelmente a desenvolver doenças
como o câncer e
problemas físicos de má formação
congênita. A condição de hibakusha
levavam muitos a se opor a um casamento e por isso
durante décadas os sobreviventes ou tiveram de ocultar o fato,
ou se casaram
com outro(a) sobrevivente. Em qualquer lugar e cultura,
desinformação gera
medo, e o medo gera preconceito. Por décadas, principalmente nos
Estados
Unidos, evitou-se divulgar o que de fato havia ocorrido com as pessoas
que
estavam em Hiroshima e Nagasaki. O mundo estava ideologicamente
dividido pela
Guerra Fria, e o governo americano não queria que sentimentos de
culpa gerassem
movimentos pacifistas que dividissem a opinião pública.
Mesmo no Japão -
transformado no pós-guerra em país aliado dos Estados
Unidos em função de sua posição
estratégica no tabuleiro de interesses da Guerra Fria -
procurou-se manter a
questão hibakusha fora da mídia. Era
mais importante mostrar as cidades reconstruídas do que falar
sobre as
cicatrizes físicas e psicológicas dos sobreviventes. Os ferimentos e as
doenças atípicas
causadas pela radiação criaram um desafio para a
medicina. Não havia nem
conhecimento nem experiência para o tratamento eficaz das
vítimas. Logo após a
explosão até ossos esmagados dos mortos nas
explosões foram usados pelos sobreviventes
como medicamentos - o que indica o grau de desabastecimento de
remédios e
curativos básicos, e o desespero das pessoas na época. A
experiência ao longo
de décadas tratando dos sobreviventes da bomba, por outro lado,
fez com que o
Japão desenvolvesse o que hoje é um avançado know-how no tratamento de doenças da
radiação. Esse tratamento
especializado é prestado gratuitamente aos hibakusha
no Japão. Entretanto, tal regra não se aplica aos
sobreviventes que emigraram
para outros países, como os imigrantes japoneses que vieram para
o Brasil. É
para estender tal benefício aos hibakusha
que vivem no Brasil que Takashi Morita fundou aqui uma
associação: a Associação
das Vítimas da Bomba Atômica. "Não se trata de um
favor ou algo
excepcional" - explica Morita - "É um direito que os
sobreviventes
têm, e é um tratamento que só existe no
Japão. Já é difícil para cada hibakusha
ter que ir até o Japão, e
custear a viagem e a estadia do próprio bolso. Pagar despesas
médicas
particulares lá é algo impossível". O LEGADO CULTURAL NUCLEAR Por muitos anos, o que
ocorreu em
Hiroshima e Nagasaki foi ocultado do grande público. Num
primeiro momento, o
governo japonês da 2ª Guerra ocultou os bombardeios
atômicos do povo japonês,
com a distorcida prioridade de manter o "moral popular e das tropas
elevado". Num segundo momento foi a vez do governo americano, logo
após a
rendição do Japão, pelas também distorcidas
razões e estratégias da nascente
Guerra Fria. Em qualquer tipo de guerra, a ética e o
humanitarismo são as
primeiras vítimas. Relatos superficiais do grau
de destruição
causado pelos bombardeios atômicos geraram um sentimento
generalizado de medo,
que se acentuou a partir de 1949 quando a União Soviética
conseguiu fazer
explodir sua primeira bomba nuclear num teste, iniciando uma corrida
armamentista bipolarizada. A restrição de
informações, entretanto, não fez com
que o medo se dissipasse - muito ao contrário. Em 1954, um teste
de armas
termonucleares americanas no Atol de Bikini chegou à
potência de 15 megatons (o
equivalente a 15 milhões de toneladas de TNT, ou cerca de 1.150
bombas de
Hiroshima). A sensação de que a humanidade era capaz de
cometer um haraquiri
nuclear a qualquer instante, dependendo do estado de espírito de
líderes
políticos confortavelmente instalados em bunkers, não era
infundada. A mera possibilidade de uma
hecatombe
nuclear gerou um medo que se instalou na cultura da época, e a
censura sobre o
assunto na mídia - fosse ela auto-promovida ou não -
fazia com que o tema fosse
tratado apenas de forma poética ou através de analogias.
É curioso observar que
assunto tão sério foi tema de vários filmes de
baixo orçamento do então
engatinhante gênero ficção científica.
Popular, mas tratado com desdém pela
crítica especializada, este gênero de filmes refletiu o
medo nuclear da época e
produziu um ícone. "Godzilla" (em
japonês, "Gojira"), filme
de 1954 dos estúdios Toho, foi protagonizado por um monstro
gigante gerado
pelos testes em Bikini, que chega ao Japão destruindo tudo pelo
caminho com seu
enorme rabo e matando pessoas com seu bafo radioativo, numa analogia
aos
bombardeios atômicos. Em 1959, "Hiroshima
Mon Amour", produção franco-japonesa, ganhou a Palma
de Ouro do
Festival de Cannes e tornou-se um sucesso internacional tratando de
forma séria
mas poética a questão do medo nuclear, apresentando
imagens dos sobreviventes
da bomba atômica como pano de fundo de um filme romântico. Entre os japoneses,
entretanto, há um
traço marcante resultante da experiência atômica: o
caráter pacifista. A
consciência de que a energia nuclear traz mais problemas que
benefícios fez do
país uma das poucas nações-membro do seleto grupo
dos mais ricos do mundo capaz
de desenvolver armas nucleares, mas que se abstém de
fazê-lo. Um dos benefícios
de tal opção está no fato do Japão
não apenas ser a 2ª maior economia do mundo,
mas também ser um dos países com a melhor
distribuição de renda do globo. O
dinheiro que seria gasto com armas simplesmente foi usado em
propósitos mais
positivos. Mágoas à parte, os hibakusha
são sinceros quando dizem "que sejamos os únicos". E que
nunca mais
ocorra o que ocorreu em Hiroshima e Nagasaki. AOS QUE QUISEREM SE
APROFUNDAR NO ASSUNTO O site Cultura Japonesa
recomenda: "Gen,
Pés Descalços", publicado pela Conrad
Livros. O impressionante grau de
detalhamento na descrição do que ocorreu no dia da
explosão atômica em
Hiroshima e como foi a vida dos hibakusha
faz a descrição que Dante fez do inferno parecer
ingênua, provando que a
realidade provocada pela mão do homem pode infelizmente
sobrepujar a mais
terrível ficção. Trata-se da auto-biografia do
autor, Keiji Nakazawa, na forma
de história em quadrinhos, que tornou-se um das mais populares
obras pacifistas
internacionais de nossos tempos. Leitura obrigatória. Pode ser
adquirido nas
livrarias Cultura, FNAC, Nobel, Saraiva e Siciliano. "Cosmos", publicado
pela Francisco Alves. Uma das obras mais famosas do célebre
astrônomo Carl
Sagan, responsável pelos projetos Mariner, Viking e Voyager da NASA,
premiado com o Joseph Priestley por
"relevantes contribuições ao bem-estar da humanidade" e
com o
Pulitzer de Literatura. O capítulo XIII do livro, "Quem Responde
Pela
Terra?", é básico para os que querem compreender a
questão nuclear e a
importância do desarmamento desde os bombardeios de Hiroshima e
Nagasaki.
Apesar de escrito em 1980, o livro permanece atual. A
edição em português
encontra-se esgotada, mas pode ser eventualmente encontrada em sebos. A
edição
original em inglês pode ser adquirida via internet,
através da Amazon Books. "Hiroshima
in America: Fifty Years of Denial", publicado pela
Grosset-Putnam. Não
possui
tradução para o português. Os autores do livro,
Robert Jay Lifton e Greg
Mitchell, defendem a tese de que os Estados Unidos sempre se negaram a
lidar
com as conseqüências humanas que a bomba atômica
causou a Hiroshima, e que tal
postura encorajou outros "encobrimentos" e escândalos
históricos,
como o Vietnam, o caso Watergate e o caso Irã-contra. De acordo
com o livro,
"desistir de nosso direito de saber mais sobre Hiroshima e sobre armas
nucleares
em geral contribuiu para nossa gradual alienação de todo
processo
político". Pode ser adquirido via internet, através da
Amazon Books. "Hiroshima:
Why America Dropped the Atomic Bomb", publicado pela Little-Brown.
não
possui tradução para o português. O autor Ronald
Takaki, historiador da
Universidade Berkeley, afirma que Harry Truman, presidente dos Estados
Unidos
na época do bombardeio de Hiroshima e Nagasaki, ordenou o ataque
por razões bem
diferentes do decorado jargão de que ele queria "encurtar a
guerra e
poupar a vida de soldados americanos". Motivos pouco altruístas,
racismo,
objetivos eleitorais e vaidades pessoais teriam levado Truman à
decisão de usar
as bombas atômicas. Pode ser adquirido via internet,
através da Amazon Books. Na tevê paga, o canal
Discovery Channel
freqüentemente reprisa o ótimo documentário
HIROSHIMA. É preciso consultar na
grade de programação ou com a operadora quando o
documentário virá ao ar
novamente. 30/julho/2006 AO USAR
INFORMAÇÕES DESTE SITE, NÃO DEIXE
DE MENCIONAR A FONTE www.culturajaponesa.com.br/htm/bombaatomica.html
- Cristiane A. Sato LEMBRE-SE: AS
INFORMAÇÕES SÃO GRATUÍTAS,
MAS ISTO NÃO LHE DÁ DIREITO DE SE APROPRIAR DESTA
MATÉRIA. CITANDO A FONTE, VOCÊ
ESTARÁ COLABORANDO
PARA QUE MAIS E MELHORES INFORMAÇÕES SOBRE DIVERSOS
ASSUNTOS SEJAM
DISPONIBILIZADOS EM PORTUGUÊS.
|
|