:: Oshin
Era uma novela como uma
outra
qualquer, mas contando a história recente do Japão, que
ainda estava presente
na memória dos mais velhos, foi um sucesso sem igual. Os leitores mais velhos
devem se lembrar. Oshin é a série de TV exibida
pela NHK do Japão, que fez muito sucesso no
período de abril de 1983 a março de 1984. No
Brasil, Oshin era inicialmente acessível àqueles que
possuíam
vídeo-cassete, em geral, as pesadas máquinas Betamax da
Sony. Assim, as poucas
locadoras japonesas que existiam, estavam lotadas de capítulos
de Oshin (que
teve 300 capítulos curtos), provavelmente as fitas mais alugadas
até hoje
nessas lojas. Oshin foi a novela
(chamada de home drama no Japão) mais popular da TV japonesa.
Enchendo os
telespectadores de lágrimas, chegou a atingir 63,9% da
audiência nacional.
Depois, seus direitos de exibição foram vendidos a mais
de 40 países, a maioria
da Ásia e do Oriente Médio. Baseada em dados
colhidos por uma
revista sobre a participação da mulher no período
anterior ao milagre econômico
do Japão, Oshin mostra a dura vida do início do
século, quando pequenas
crianças deixavam a família para trabalharem como
empregadas domésticas, e vai
se transformando junto com a personagem Oshin, interpretada por Ayako
Kobayashi
(criança), Yuko Tanaka (jovem) e Nobuko Otowa (adulta). Dos 7
aos 83 anos de
idade, Oshin demonstra o que é ser uma mulher correta e decidida. A menina Ayako
Kobayashi,
que se casou recentemente com 26 anos de idade, aparecia na novela com
a
aparência de kokeshi (boneco de madeira torneada), no meio da
densa neve,
chamando 'Okaasan' por sua mãe, criou uma das cenas mais
inesquecíveis da TV
japonesa. Oshin era predestinada
a ser
mais do que uma boneca no meio da neve. Com muita
dedicação e incomparável
conduta moral, consegue abrir uma loja, que após imensas
dificuldades, consegue
se transformar numa rede de supermercados. Mas isso, é claro,
depois de um
vaivém de fracassos e sucessos, tanto no plano familiar como no
comercial.
Oshin, casada com o terceiro filho de uma rica família
proprietária de terras
em Saga, sente o desconforto da discriminação, por ser a
esposa do filho menos
importante da família. Apesar de grávida de cinco meses,
ela precisa trabalhar
pesado no campo, como uma escrava, enquanto a sua cunhada nem a ajuda
nos
afazeres domésticos. Na história, por causa dos maus
tratos, Oshin acaba
perdendo a criança que esperava, e esse fato provocou uma
série de protestos
por parte dos moradores da província de Saga. Eles achavam que a
novela estava
prejudicando a imagem do local. Mas a escritora Sugako Hashida e a
produtora
Yukiko Okamoto, receberam o apoio das senhoras idosas de Saga, que
pediram para
que a história fosse mantida, afinal, era a realidade daquele
período que
antecedeu a guerra. Publicada em 9/1999 pelo Jornal Nipo Brasil. Autora: Cristiane A. Sato, formada em direito pela Universidade de São Paulo, pesquisadora de mangá e animê, presidente da ABRADEMI – Associação Brasileira de Desenhistas de Mangá e Ilustrações, colaboradora de publicações sobre cultura popular japonesa, mangá e animê desde 1996. Palestrante convidada em eventos diversos no Centro Cultural Itaú, Sesi, Sesc, FAU-USP, Fundação Japão, Embaixada, Consulado Geral do Japão, etc. AO USAR
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