:: Takô  

Janeiro é o mês das pipas (takô) no Japão. É quando sopram fortes ventos da região norte, propícias para a realização de festivais de pipas, uma tradição que já dura mais de 300 anos. Algumas pipas pedem uma boa colheita, enquanto outras

 

imploram por uma boa temporada de pesca, o ainda pedem para o Deus do Fogo proteção contra o incêndio.

Para a maioria dos japoneses, entretanto, as pipas lembram o nostálgico som do vento, ouvido na infância.

Por isso, o festival de pipa é uma grande atração turística.Embora a tradição de empinar pipas esteja presente em quase todos os países do mundo, as pipas confeccionadas como objetos de arte são raras. No Japão, sobretudo as pipas do período Edo (1615 a 1808) possuem inigualáveis valores artísticos.

Elas são feitas com armação de bambu e cobertas com papel chamado “washi”. Este é pintado com grandes e coloridos motivos ou ideogramas.

Muitas das pipas relembram antigos guerreiros e retratam sua bravura, outras exibem animais selvagens e peças do teatro kabuki, mas todas parecem exaltar a coragem e a garra como sentimentos nobres do povo japonês.

Entre os festivais de takô, podemos destacar o de Sagami, na província de Kanagawa. Todos os anos, uma pipa gigante de 10 metros quadrados, pesando meia tonelada e com uma cauda de 70 metros é construída naquele local.

Os preparativos começam bem cedo, com a construção da armação de bambu. São 150 pedaços de bambu de 8 a 10 cm de espessura. O “washi”, embora seja um papel leve, acaba contribuindo no peso da pipa gigante, afinal são 250 folhas de “washi”, cada qual medindo o equivalente a duas páginas de jornal aberto. A colagem é feita num ginásio esportivo da região. A pipa contruída com tanto sacrifício deverá ir ao ar no dia 5 de maio, dia da criança. Mas esse trabalho pode simplesmente não decolar. É necessário que um vento de no mínimo 10 metros sopre no momento oportuno.

Trinta pessoas, na maioria jovens, correm carregando a pesada pipa. Quando finalmente a pipa começa a ganhar o céu, o público não se contém e aplaude o belo e tradicional espetáculo. E os bravos idealistas podem voltar para suas casas satisfeitos de terem participado deste momento histórico.

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