“A beleza está nos olhos de quem vê. Abençoadas são as pessoas que apreciam a inocência, que protegem a infância e que praticam a ingenuidade e a lealdade no mundo de hoje. Paz é o privilégio das pessoas de boa vontade.
Poluição, violência, crime, corrupção, terrorismo, guerra, preconceito, xenofobia, sofrimento e solidão. É esse o mundo que queremos?
Por um mundo mais gentil, mais compreensivo, solidário e próspero, onde as pessoas possam se dar ao luxo supremo de recuperar parte da infância na vida adulta, queremos assimilar a Cultura Kawaii originada no Japão e difundi-la como instrumento de paz global. Sendo uma manifestação cultural única, livre de doutrinação política ou religiosa e que independe de um idioma para estabelecer comunicação, a Cultura Kawaii se mostra como o instrumento certo para unir povos e gerações diferentes mundo afora.
Manifestamo-nos em prol da Cultura Kawaii sabendo que é a primeira vez no mundo que isso ocorre. Aqui é o Brasil, o lugar mais distante do Japão no mundo. Mas é aqui, na “terra do tudo junto e misturado” que há espaço para assimilação e convívio. Aqui corações separados por oceanos, fronteiras e culturas se unem para gerar algo novo em conjunto.
Nós reconhecemos que a Cultura Kawaii é parte da Cultura Japonesa, que está integrada no cotidiano japonês, e que ela é parte da identidade japonesa há séculos. Nós vemos beleza nos netsuke, nas mulheres que vestem quimonos com desenhos de pintinhos e coelhos, nos doces wagashi e nas estátuas de jizõu e inari espalhadas por estradas e ruas.
Nós nos inspiramos no trabalho de artistas como Yumeji Takehisa, Junichi Nakahara, Riyoko Ikeda, Yumiko Igarashi, Macoto Takahashi e Eico Hanamura.
Nós entendemos que o sofrimento fez parte de fenômenos da Cultura Kawaii, e a importância dos efeitos terapêuticos do kawaii.
Só compreendemos a importância da Cultura Kawaii ao lembrar da dor que o confisco das bonecas Kewpie doll para fabricação de pólvora causou nas crianças durante a 2ª Guerra Mundial, e como a volta das bonecas após a guerra trouxe alento aos jovens sobreviventes durante a difícil reconstrução do Japão.
Ao saber que as 222 meninas-enfermeiras Himeyuri mantinham como tesouros em estojos escolares fotos de família e ilustrações da revista Shõjo no Tomo, pouco antes de se suicidarem durante a guerra.
Ao lembrar que uma criança em tratamento de câncer comoveu uma geração ao contar que a boneca Hello Kitty foi sua melhor amiga no hospital por ter ficado dias e noites ao seu lado.
Ao constatar que sobreviventes do Terremoto com Tsunami de 2011 e pacientes de doenças neurológicas respondem positivamente ao tratamento com o robô filhote de foca Paro.
Sim, acreditamos que a Cultura Kawaii é expressão de arte, estética, comunicação, e de cura da alma.
A Cultura Kawaii NÃO é fetiche ou apologia à pedofilia. Criminosos vêem malícia em tudo e todos. Denegrir ou proibir a Cultura Kawaii é censurar a arte e um ato de preconceito. Reduzir o espaço da infância penaliza social e culturalmente as pessoas boas que deviam ser livres. Somente o fim da impunidade e o afastamento dos criminosos da sociedade permitirá a todos liberdade de expressão e a queda de preconceitos.
Por essas razões, e para que o trabalho idealizado por Takamasa Sakurai não seja esquecido, lançamos o MANIFESTO PRÓ CULTURA KAWAII.
Aprenderemos, cultivaremos, divulgaremos e defenderemos a Cultura Kawaii. Toda beleza verdadeira começa na gentileza, na compreensão, na solidariedade e na inocência. Toda paz tem essa beleza.
Kawaii Forever!”
São Paulo, Brasil, em 14 de Outubro de 2017.
Assinaram inicialmente o manifesto:
Bianca Rocha – organização, V Meeting Nacional Secret Garden
Érika Barbosa – organização, V Meeting Nacional Secret Garden
Layla Carvalho – organização, V Meeting Nacional Secret Garden
Lea Dias – organização, V Meeting Nacional Secret Garden
Willian Souza – organização, V Meeting Nacional Secret Garden
Cristiane A. Sato – presidente, Associação Brasileira de J-Fashion
Francisco Noriyuki Sato – presidente, ABRADEMI Assoc. Bras. de Desenhistas de Mangá e Ilustrações, e editor do site www.culturajaponesa.com.br e professor de História do Japão
Dra. Makiko Matsuda – professora de Cultura Japonesa da Universidade de Kanazawa e professora visitante da Universidade de São Paulo – USP
Prof. Yoshikazu Shiraishi – professor no Tokyo Edo Culture Center e professor visitante da Universidade de São Paulo
Dra. Patrícia M. Borges – professora, Pontifícia Universidade Católica PUC-SP e Universidade de Osasco
Que o Kawaii latente seja despertado em todos os corações!!!
Parabéns aos manifestantes: SUCESSO!!!
Teruko