Existem músicas de ninar, compostas para os bebês dormirem, e músicas cantadas por quem tomava conta dos bebês, ou seja, pelas babás. Esse é o caso dessa muito bem composta e triste música. “Itsuki no Komoriuta” 「五木の子守唄」
(1)おどま盆ぎり盆ぎり
盆から先ゃおらんと
盆がはよくりゃはよもどる
(2)おどまかんじんかんじん
あん人たちゃよか衆
よか衆よか帯 よか着物
(3)おどんがうっ死んだちゅうて
誰が泣てくりゅうか
うらの松山蝉が鳴く
(4)おどんがうっ死んだら
道ばちゃいけろ
通る人ごち花あぎゅう
(5)花はなんの花
つんつん椿
水は天からもらい水
Explicação do conteúdo:
Itsuki é um vilarejo da província de Kumamoto e a música é cantada no antigo dialeto local. A história começa muito tempo atrás. Em 1185, a família Taira é derrotada numa guerra contra o clã Minamoto. A família derrotada se retira para Gokanoshou (hoje cidade de Yatsushiro), na província de Kumamoto, mas os Minamoto, desconfiados, mandam famílias de samurai se mudarem para a cidade vizinha de Itsuki, com a finalidade de observarem os movimentos do antigo adversário. Essas famílias de samurais eram proprietárias de terras e eram ricas, mas havia pobres que se dedicavam a trabalhos de todo o tipo servindo aos ricos. Conta-se que as meninas de 10 anos já trabalhavam como babás nessas casas.
O termo “odon”, significa “eu”. Na primeira estrófe, ela fala que o trabalho dela acaba no festival dos finados (Obon), e se o Obon vier logo, ela poderá retornar para sua casa mais cedo. Certamente, não se trata de um retorno de férias, mas um retorno definitivo.
Na segunda estrófe, ela fala que é “kanjin kanjin”, repetindo que é “pobre e pobre”, e compara com as “outras pessoas” que nasceram em família rica, que vestem o “obi” e o “quimono” de boa qualidade.
Na terceira estrófe, ela fala que ninguém chorará se ela morrer. Só chorará a cigarra (semi) na montanha de trás.
Na quarta estrofe, ela reforça a ideia depressiva desse momento. “Se eu morrer, me enterre na beira da estrada e darei flores para as pessoas que por lá passarem”.
Na quinta estrofe, ela pergunta “Flor? Qual flor?”. A resposta é “tsuntsun tsubaki”, “tsubaki” é camélia, uma flor muito comum no Japão. E não precisa dar água, pois o céu se encarregará disso.
Existem outras versões dessa mesma música, que ficou perdida por muito tempo até ser descoberta em 1935. “Itsuki no Komori Utá” passou a ser muito conhecida na década de 1950, quando vários cantores gravaram sua versão, tornando-se um hit popular.
A versão do video que postamos é cantada pela atriz e cantora Yoshiko Yamaguchi, que nasceu na atual Taiwan, numa família japonesa. Ela era atriz e cantora desde antes da Segunda Guerra Mundial, atuando no Japão e na China. Ao final da guerra, Yoshiko estava em Xangai (hoje RPC), sendo acusada como traidora da China. Conseguindo provar que ela era mesmo uma japonesa, foi expulsa do país e foi morar no Japão. Após essa fase, ela continuou o seu trabalho, tendo atuado com o nome artístico de Lee Hsiang Lan em Hong Kong, e de Shirley Yamaguchi nos Estados Unidos. Yoshiko Yamaguchi faleceu em 7/9/2014, em Tóquio, aos 94 anos de idade.