Ballet Yuba

 

Conhecido no Brasil como Ballet Yuba, o grupo de Mirandópolis não representa exatamente um estilo de dança japonesa. Isamu Yuba, idealizador da comunidade Yuba, pregava que todos deveriam cultivar a terra e a arte. Seria um lugar ideal, onde todos compartilhavam trabalho, comida e arte, sem a preocupação com o dinheiro.

Parece uma idéia da década de 60, mas foi em 1935 que Isamu e alguns amigos começaram a materializa-la, adquirindo 40 alqueires no interior de São Paulo. Como precisavam de fertilizantes para a agricultura, iniciaram o cultivo de aves, e em 1947, contando com 220 mil aves, a fazenda havia se tornado a maior granja avícola da América. Mas isso não impediu que as dificuldades econômicas levassem-na à falência em 1956. O grupo não desistiu, e começou nesse ano a fazenda de Mirandópolis, onde permanece até hoje.

O Ballet

Akiko Ohara

Em 1961, o jovem escultor Hisao Ohara, de 29 anos, e sua esposa, a bailarina e coreógrafa Akiko Ohara, de 26 anos, fizeram as malas para uma viagem inesquecível ao Brasil. Mas não iriam fazer turismo. Haviam decidido morar na Fazenda Yuba, em Mirandópolis, onde o patriarca Isamu Yuba, visualizava uma nova fase cultural em sua comunidade, com a construção do teatro e o ensino da arte da escultura.

O casal chegou no dia 14 de dezembro daquele ano, e a comunidade começava a construir o seu teatro, onde a experiência de Hisao, formado em Belas Artes e com vivência em atuação, cenografia e iluminação, seria muito útil. Enquanto isso, as crianças ensaiavam as peças que seriam apresentadas na festa de Natal, e Akiko, com experiência em coreografia para televisão, começou a orientá-las. Logo, Akiko passou a ensinar balé moderno a esse grupo, formando o famoso balé de Yuba, que divulgaria o nome da fazenda comunitária para todo o mundo.

Mais de 40 anos depois, em 2003, o grupo de balé de Yuba participou do 1º Festival Yosakoi Soran, que foi realizado no bairro da Liberdade. O grupo já tinha o “Soran Bushi” (uma das danças que deu origem ao Yosakoi Soran) em seu repertório, e foi fácil fazer a adaptação para o evento, que naquele ano, não teve caráter competitivo. Já no ano seguinte, Yuba venceu o Festival.

Há alguns anos, o Yuba não participa desse evento, devido aos afazeres de seus jovens integrantes, mas a coréografa Akiko Ohara continua em ação. Ela é a autora da bela coreografia do grupo Tomodachi de Birigui.

Em 2008, preparando as comemorações do Centenário da Imigração Japonesa, Noemia Sakai teve a ideia de montar um grupo de yosakoi soran em Birigui. Sabendo da sua tradição na arte da dança, solicitou ajuda à comunidade Yuba, que prontamente enviou a professora Saki para formar um grupo na cidade. No mesmo ano, Birigui conquistou o segundo lugar no Festival de Yosakoi Soran.

Infelizmente, a professora Saki foi para o Japão, e o grupo ficou sem orientadora, sendo substituída pela própria coreógrafa Akiko Ohara da comunidade Yuba. Desde então, ela e suas assistentes, Julia, Emi e Marian, viajaram todos os sábados durante quatro meses, da comunidade Yuba até Birigui, num percurso de quase 150 km, para coreografar e preparar o grupo. O resultado foi o primeiro lugar conquistado em 2010. No ano seguinte, a equipe de Birigui repetiu o resultado, com a coreografia feita por Akiko Ohara e seus ensinamentos.

Este ano, o Tomodachi ganhou uma música original, composta especialmente para o grupo no Japão por Mitsushi Jindai e com arranjo de Masakatsu Yazaki. A partir dessa música, a professora Akiko criou a coreografia com o tema “Aki no Kaze” (Vento de Outono). A professora e sua equipe repetiram as viagens e a dedicação do ano anterior, e o resultado foi mais uma vitória em 2011. O grupo soube depois, que a professora Akiko havia adiado sua cirurgia na coluna, pois sentia dores fortes, para poder ajudar os jovens do Tomodachi.

Questionada sobre a nova coreografia, que lembrava a do teatro de Takarazuka, a professora explicou que todas as danças de palco, incluindo a de Takarazuka, são feitas para serem apreciadas pelo público que está no outro lado, e nesse sentido, são semelhantes entre si (o que é diferente do “bon odori” que é dançado em círculo e o público assiste ao redor). “Mas, no fundo, talvez haja alguma influência do teatro de Takarazuka”, comentou Akiko, hoje com 78 anos. O motivo é que o casal Haruo e Akiko Ohara sempre apreciou o Takarazuka e, enquanto morava no Japão, assistiu a todos os shows desse grupo teatral quando se apresentava em Tóquio. Quando Takarazuka visitou o Brasil na década de 70, o casal Ohara viajou a São Paulo para vê-lo no Teatro Municipal. O Takarazuka tem origem na cidade do mesmo nome, e se caracteriza por um elenco exclusivamente feminino. Na origem, em 1914, ele foi influenciado pelos musicais de Londres, Paris e Nova Iorque.

A atividade cultural da comunidade Yuba não é restrita ao balé, há também, o teatro, o Coral, recitais com vários instrumentos musicais, a pintura, a cerâmica, o haicai e o artesanato. Como atividade desportiva, há aulas e orientações de beisebol, de atletismo e de outras modalidades, estas são dadas não somente aos jovens da comunidade, mas também aos jovens das Alianças (perto da fazenda). As aulas de língua japonesa são ministradas às crianças e aos jovens.

Os resultados anuais das atividades culturais são apresentados nos dias 25 e 30 de dezembro de cada ano, com o nome de “Evento Natalino” no Teatro Yuba que situa na própria Comunidade, e são apreciados pelo público em geral.

O número de apresentações do Balé Yuba, a partir do evento realizado no Natal de 1961 até hoje, é de 860 e já se apresentaram no Japão e em diversos outros locais.

  2 Responses to “Ballet Yuba”

  1. ADOREI A CUTURA JAPOMESA

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