jun 232015
 

O 50º Gueinosai, Festival de Música e Dança Folclórica Japonesa, foi realizado nos dias 20 e 21 de junho de 2015, no Grande Auditório da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social, no bairro da Liberdade, em São Paulo.

Trata-se do maior encontro entre os praticantes dessas artes no Brasil, e por isso é muito respeitado.  A programação é composta de várias modalidades, como “kayo buyo” – dança tradicional com música popular, “minyo” – música folclórica, “buyo kouta” – dança com música de ozashiki, “nagauta” – canto tradicional, “ryukyu buyo” – dança de Okinawa,  mas há também “shibu” – dança dos samurais, “wadaiko” – tambores, “hougaku” – música clássica japonesa e “minbu” – dança folclórica.

As fotos são de sábado. As fotos desta matéria podem ser utilizadas, mas é obrigatória a colocação de link ou a citação da fonte: www.culturajaponesa.com.br
Obs. A presença do “karaokê” como modalidade é estranha, quando se canta música comum e sem usar trajes típicos. Porém, há que reconhecer que os cantores selecionados são ótimos. Há também uma modalidade chamada “youbu” – que pode ser traduzida como danças do Ocidente, mas é estranho assistir a uma dança de tango num evento de cultura japonesa. Mesmo assim, é importante manter esse evento tradicional da coletividade nipo-brasileira. É fundamental que a comunidade assista e incentive esses dedicados artistas, alguns dos quais jovens e crianças, para que essas artes tenham continuidade. Parabéns aos organizadores e patrocinadores.

 

jun 192015
 

Com o último show no dia 20 de Junho, sábado, no 4º Festival do Japão de Brasília, o grupo “Yui” se despede do Brasil. O trio veio a convite da Fundação Japão, como um dos shows comemorativos do 120º aniversário do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre o Brasil e 0 Japão.

Tocando instrumentos tradicionais do Japão, Chie Hanawa (Tsugaru Shamisen), Ko Kakinokihara (Koto) e Yoshimi Tsujimoto (Shakuhachi) deram um belo show e incluiram na programação a explicação dos instrumentos e o som de cada um, sabendo que tais equipamentos são raros no Ocidente. Assim, o som típico do Japão pôde ser conhecido, assim como as tradicionais músicas, como “Tsugaru Jonkara Bushi”, “Sakura Sakura”, “Hanagasa Ondo”, “Tokyo Ondo” e “Soran Bushi”. O repertório incluiu uma música composta por Chie Hanawa, “Experience” onde o shamisen se transforma numa guitarra. A música fez parte do comercial do Sony Xperia. A surpresa foram as duas músicas brasileiras no repertório: “Brasileirinho” e “Tico-tico no Fubá”, que foram muito bem executadas. O show contou com a participação especial do brasileiro Shen Kyomei, com shakuhachi,  na música “Koujou no Tsuki”, composta por Rentaro Taki em 1901. Todos os quatro se formaram na mesma Tokyo University of the Arts. Em São Paulo, na apresentação feita na Sala Adoniram Barbosa do Centro Cultural São Paulo, faltou lugar para todos os interessados e o grupo foi aplaudido em pé.

Ao final da apresentação, o trio ainda teve fôlego para enfrentar os jornalistas.  Algumas perguntas feitas na ocasião:

Como surgiu a oportunidade de montar o trio “Yui”?

Chie Hanawa: Nós três estudamos na mesma universidade, e são poucos os que se destacam tocando instrumentos tradicionais. Assim nos conhecíamos e, mantendo os nossos afazeres com outros grupos e como artistas solo, resolvemos formar o “Yui”.

Soube que começaram muito cedo. O que as levou a se interessarem por esses instrumentos?

Chie Hanawa: O meu avô tocava “shamisen” por hobby e eu disse que queria aprender. Ele tocava um outro tipo de “shamisen” e aconselhou-me a aprender o “tsugaru shamisen”, que seria mais adequado para jovens. Eu comecei com 9 anos de idade.

Ko Kakinokihara: Eu comecei com 5 anos de idade. Na minha família ninguém tocava “koto”, mas eu assisti a um “taiga dorama” (novela de época) da TV NHK e uma personagem tocava “koto”. Me interessei e disse que queria aprender, e não parei mais.

Yoshimi Tsujimoto: Eu comecei a tocar “shakuhachi” muito mais tarde, aos 16 anos. Resolvi aprender a tocá-lo.

O que viram no Brasil até agora?

Chie: Foi impressionante conhecer a Amazônia. Fizemos um passeio de barco pelo Rio Amazonas e não fazia idéia de que o rio fosse tão grande.

Yoshimi: Vimos a pesca de piranhas!

Ko: No meu caso, eu tinha um objetivo bem particular nesta primeira viagem ao Brasil. É que a minha avó materna é brasileira. Filha de imigrantes japoneses, ela nasceu no Brasil, gostava muito e falava bem do Brasil. Não sei exatamente quando a família veio para o Brasil, mas a minha avó tinha 20 anos quando retornou ao Japão, pegando o último navio para o Japão antes da Segunda Guerra Mundial. Ela disse que foi uma viagem longa e complicada, pois não pôde seguir a rota normal por causa do conflito. Eu trouxe algumas lembranças da minha avó na viagem. Uma delas é uma foto onde ela aparece com a família na frente do Monumento de D. Pedro, no Museu do Ipiranga. Fomos lá, e com a ajuda do grupo e de outras pessoas, conseguimos tirar uma foto muito parecida. Foi um acontecimento emocionante.

Quando treinaram as duas músicas brasileiras no estilo Chorinho?

Todas: Nós ouvimos as músicas pela primeira vez em janeiro deste ano, e treinamos juntas apenas em maio. Essas músicas são difíceis, o compasso é outro, muito rápido e tudo é diferente, mas deu certo.

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jun 072015
 

Existem músicas de ninar, compostas para os bebês dormirem, e músicas cantadas por quem tomava conta dos bebês, ou seja, pelas babás. Esse é o caso dessa muito bem composta e triste música. “Itsuki no Komoriuta” 「五木の子守唄」

(1)おどま盆ぎり盆ぎり
盆から先ゃおらんと
盆がはよくりゃはよもどる

(2)おどまかんじんかんじん
あん人たちゃよか衆
よか衆よか帯 よか着物

(3)おどんがうっ死んだちゅうて
誰が泣てくりゅうか
うらの松山蝉が鳴く

(4)おどんがうっ死んだら
道ばちゃいけろ
通る人ごち花あぎゅう

(5)花はなんの花
つんつん椿
水は天からもらい水

Explicação do conteúdo:

Itsuki é um vilarejo da província de Kumamoto e a música é cantada no antigo dialeto local. A história começa muito tempo atrás. Em 1185, a família Taira é derrotada numa guerra contra o clã Minamoto. A família derrotada se retira para Gokanoshou (hoje cidade de Yatsushiro), na província de Kumamoto, mas os Minamoto, desconfiados, mandam famílias de samurai se mudarem para a cidade vizinha de Itsuki, com a finalidade de observarem os movimentos do antigo adversário. Essas famílias de samurais eram proprietárias de terras e eram ricas, mas havia pobres que se dedicavam a trabalhos de todo o tipo servindo aos ricos. Conta-se que as meninas de 10 anos já trabalhavam como babás nessas casas.

O termo “odon”, significa “eu”. Na primeira estrófe, ela fala que o trabalho dela acaba no festival dos finados (Obon), e se o Obon vier logo, ela poderá retornar para sua casa mais cedo. Certamente, não se trata de um retorno de férias, mas um retorno definitivo.

Na segunda estrófe, ela fala que é “kanjin kanjin”, repetindo que é “pobre e pobre”, e compara com as “outras pessoas” que nasceram em família rica, que vestem o “obi” e o “quimono” de boa qualidade.

Na terceira estrófe, ela fala que ninguém chorará se ela morrer. Só chorará a cigarra (semi) na montanha de trás.

Na quarta estrofe, ela reforça a ideia depressiva desse momento. “Se eu morrer, me enterre na beira da estrada e darei flores para as pessoas que por lá passarem”.

Na quinta estrofe, ela pergunta “Flor? Qual flor?”. A resposta é “tsuntsun tsubaki”, “tsubaki” é camélia, uma flor muito comum no Japão. E não precisa dar água, pois o céu se encarregará disso.

Existem outras versões dessa mesma música, que ficou perdida por muito tempo até ser descoberta em 1935. “Itsuki no Komori Utá” passou a ser muito conhecida na década de 1950, quando vários cantores gravaram sua versão, tornando-se um hit popular.

A versão do video que postamos é cantada pela atriz e cantora Yoshiko Yamaguchi, que nasceu na atual Taiwan, numa família japonesa. Ela era atriz e cantora desde antes da Segunda Guerra Mundial, atuando no Japão e na China. Ao final da guerra, Yoshiko estava em Xangai (hoje RPC), sendo acusada como traidora da China. Conseguindo provar que ela era mesmo uma japonesa, foi expulsa do país e foi morar no Japão. Após essa fase, ela continuou o seu trabalho, tendo atuado com o nome artístico de Lee Hsiang Lan em Hong Kong, e de Shirley Yamaguchi nos Estados Unidos. Yoshiko Yamaguchi faleceu em 7/9/2014, em Tóquio, aos 94 anos de idade.

maio 302015
 

kissmz_0A banda de heavy metal Kiss, quem diria, gravou um CD com o grupo pop Momoiro Clover Z. Foi o primeiro trabalho da banda americana com um outro artista e foi lançado em 28/1/2015 pela Evil Line Records, e abrangeu 120 países através do iTunes Store. O site oficial da banda conta que a música chegou a ser o número 1 do ranking dos Estados Unidos, Canadá, Suécia e Noruega. No ranking japonês Oricon, o CD single ocupou o segundo lugar no ranking do dia 9 de fevereiro.

Momoiro Clover Z na Japan Expo Paris com Ayaka Sasaki em destaque. Foto de Bruno Dj ph

Momoiro Clover Z na Japan Expo Paris com Ayaka Sasaki em destaque. Foto de Bruno Dj ph

Momoiro Clover Z já se apresentou várias vezes no tradicional Kouhaku Utagassen da TV NHK, mas teve um começo humilde, como vários grupos iniciantes, se apresentando nos finais de semana no Yoyogi Park, em Tóquio, a partir de 2008. O grupo gravou um dos temas do Pokémon e da Sailor Moon Crystal. Essa parceria com o Kiss resultou no 13º single da banda.

A proposta para a parceria foi feita pelos americanos, quando o guitarrista Paul Stanley assistiu a gravação ao vivo do Momoiro Clover Z e se encantou com a música e a coreografia das japonesas. A música gravada em conjunto tem o nome de “Yume no Ukiyo ni Saitemina”, com letras de Yuho Iwasato e Paul Stanley. A música é de Paul Stanley e Gregg Collins.

O videoclip da música produzido para os shows tem partes em desenho animado que mostra vários ícones da cultura japonesa, e ganhou o prêmio de Menção Especial do Short Shorts Film Festival & Asia 2015, que é o maior concurso de curtas daquele continente.

A banda Kiss realizou uma turnê comemorando os 40 anos de fundação e fez várias apresentações no Japão. No video abaixo, o show no Tokyo Dohme, em março de 2015, com a participação do Momoiro Clover Z. “Yume no mukou ni saitemina” e ‘Rock in Roll all night”.

maio 292015
 

wagakki-yui-koijma-1024x773O grupo de instrumentistas tradicionais do Japão「結」(Yui), fará um circuito pela primeira vez no Brasil. Através do convite da Fundação Japão, o trio estará abrilhantando o ano em que comemoramos os 120 anos do Tratado de Amizade, do Comércio e da Navegação entre o Brasil e o Japão.

Fundado em 2009, “Yui” toca, além de músicas tradicionais, outras mais próximas do pop de sua própria autoria, e se apresenta junto com artistas de diversos estilos.

As três belas jovens são formadas em Música Japonesa pela Tokyo University of the Arts, e ao mesmo tempo em que se apresentam com o grupo, possuem suas carreiras individuais.

Chie Hanawa (no centro da foto), natural de Ibaraki, toca Tsugaru Shamisen. Aos 17 anos foi a mais jovem vencedora do concurso nacional desse instrumento. Antes mesmo de se formar, foi contratada pela gravadora Nippon Columbia, onde gravou “Tsuki no Usagi”. Formou dupla com a violonilista Natsumi Okimasa formando o “Hanamas”, que faz um gênero misto entre o japonês e o ocidental. Já se apresentou na Argentina, Itália, França, Alemanha, Bulgária, Malásia, Estados Unidos e outros países. Estrelou o comercial do Sony Xperia. Seu segundo álbum “Colorful” foi lançado pela King Records no ano passado.

Kou Kakinokihara (a esquerda), natural de Tóquio, no ano de sua formatura gravou seu primeiro CD “Kotoba ni dekinai”, onde toca koto e canta. Foi a responsável pelo tema do evento Akasaka Sacas da TV TBS, e trabalhou como consultora de koto em teatro musical. É integrante da dupla “Tsukiyoi” que gravou um álbum pop e se apresentou na Japan Expo em Paris.

Yoshimi Tsujimoto (a direita), natural de Wakayama, toca shakuhachi e estrelou no programa “Daimei no nai Ongakukai”, da TV  Asahi, enquanto cursava a universidade. Mas antes disso, já havia se apresentado em diversos locais, inclusive nos Estados Unidos, Coréia e Itália. Em 2012, se apresentou na Copa do Mundo da Fifa de futebol feminino sub-20. Participa de outros grupos e de uma orquestra, é convidada de programas de TV e gravou o tema de Final Fantasy XIII-2 “Big Bridge no Shitou”.

A programação do Wagakki Yui no Brasil:

04/Junho/2015 (quinta) – Londrina – Expo Japão 2015, junto com a 54ª Expo Agrícola, na ACEL.
07/Junho/2015 (domingo) – Belém – Feira Pan Amazonica do Livro, Centro de Convenções da Amazônia
10/Junho/2015 (quarta)- Manaus – Teatro Amazonas
13/Junho/2015 (sábado) – São Paulo – Centro Cultural São Paulo, Sala Adoniran Barbosa – Rua Vergueiro, 1000 (ao lado da estação Vergueiro do Metrô) São Paulo – SP – ENTRADA GRATUITA –Os ingressos serão distribuídos na bilheteria, 2 horas antes do espetáculo. Limitado a 2 ingressos por pessoa.Classificação: livre -Duração: 90 minutos -Capacidade: 622 lugares
15/Junho/2015 (segunda) – Vitória – Teatro Carlos Gomes
18/Junho/2015 (quinta) – Apucarana – Festa da Cerejeira de Apucarana
20/Junho/2015 (sábado) – Brasília – 4º Festival do Japão de Brasília, Expobrasília, Parque da Cidade
Os horários ainda não foram informados pela organização da programação. Em breve divulgaremos.

Assista a uma apresentação do grupo com sua própria música:

https://www.youtube.com/watch?v=oo-rQZdZqdA&feature=player_detailpage

Saiba mais sobre o Tsugaru Shamisen