mar 302020
 

世界保健機関(WHO)の3月29日のデータによると、日本では新型コロナウイルスの感染者数1693人、死亡者数52人。イタリアの92,472件、死亡者数10,023人、米国の103,321件、死亡者数1668人(2020年3月29日のWHOデータ)と比較すると数字は小さい。日本では1月15日に最初の感染者が発生して、学校が臨時休校になりましたが、今では北海道など小中学校の登校を再開した地域もあります。

© Akaitori

日本は世界で高齢者が一番多い国、なぜ感染者数は少ないのでしょう。日本人の生活習慣が、他の国のように新型コロナウイルス感染が拡大しないようにしているのかもしれません。靴を履いて家に入らないというのは、そのような習慣の一つです。寺や神社の建物に入るときもそうですし、校舎(大学を除く)の入り口では靴を脱いで上履きに履き替えることが習慣になっています。

主要メディアではほとんど語られていませんが、ヨーロッパでは家を出ない高齢者がCOVID-19に感染していると指摘されています。高齢者に食事を持っていく子供や介護者は、アルコールジェルで手を消毒し、高齢者には近寄らず、家のドアノブや手すりの掃除にも気を配っています。でも、靴は脱いでいません。これが大問題です。

家の外では地面に唾を吐いたり、嘔吐したり、タバコの吸い殻を捨てたりする人がいますし、犬や猫が路上でおしっこをしたり、糞をしたりしています。歩道から家の中に入った人は、この汚れやウイルスを靴で運んでいます。外出しない高齢者は歩道との接触はないかもしれませんが、ペットや子供が足をつけたソファに座ったり、床から拾ったボールやおもちゃをソファに置いたりすると、汚染の可能性があります。

世界の人々への実用的なヒントは、靴を脱いで玄関に置いておくことと、家の中を歩くためのスリッパを用意することです。水で溶かした漂白剤で湿らせたタオルを床に置いておけば、靴の裏からウイルスを排除する解決策になります。漂白剤の塩素は70度のアルコールよりも効率的だと言う専門家もいます。

靴を脱ぐ習慣だけではない

日本人は遠慮するから何時も控えめですね。それも新型コロナウイルス感染が拡大しないことと関係があると思います。例えばイタリアとかブラジルでは直ぐハグとかキスをする習慣があります。家に帰ったら子供にキス、お祖母ちゃんにもキス。男友達同士はハグ、ビジネスでも初めて会った人と握手は当たり前です。

各国の習慣は理解できますが、ヨーロッパでの新型コロナウイルス感染の拡大との関係が疑われるエピソードがあります。中国武漢市から始まったCOVID-19で世界的に大騒ぎになって、米国のトランプ大統領は中国人や中国から来た人の入国規制を決めましたが、これに反対するため、フィレンツェ市ダリオ・ナルデラ市長(イタリア、トスカーナ州の州都)が2月1日、「中国人に対して一部の人が行う心理的なテロや略奪行為は許されない」と発言して#abbracciauncinese(中国人にハグをしましょう)と言うキャンペーンをツイッターで始めました。自分たちは差別をしないことを示すためです。リンクは当時のトスカーナ州の新聞記事です。そのキャンペーンに基づいて中国人がイタリアの大都市の広場で手書きの看板を抱えてハグやキスをもらうシーンがSNSで投稿されるようになりました。下のビデオは中国のテレビ局が報道しているもので一人の青年しか映っていませんが、沢山の中国人が集まっている所もありました。

このキャンペーンのせいでイタリアがヨーロッパで一番感染者の多い国になったとは言えませんが、このようなことはしない方が良いと思います。もちろん中国サイドは大歓迎してそのことを大きく宣伝しています。

筆者・佐藤フランシスコ紀行・ブラジル日系人

mar 262020
 

There are 1.089 confirmed cases of the new Coronavirus and 41 virus’ related deaths in Japan according to data from March 23 of the World Health Organization (WHO). These numbers are small compared to 59.138 cases with 5.476 deaths in Italy, and 31.573 cases with 402 deaths in the United States (WHO’s data in 23/3/2020). Although Japan is one of the first countries hit by the fatal virus, and is the first to ask schools to anticipate vacations, no quarantine was declared in any city and now several schools are already resuming classes. What has this country done differently to have this result?

© Akaitori

Perhaps daily habits of Japanese people helped avoid spreading the virus as fast as in other countries. Never going into the house wearing shoes on is one of those habits. It is customary to take your shoes off also when entering temples, businesses and schools (except in universities).

Little is said about that in mainstream media, but it has been noted in Europe that there are elderly people who never left home since Coronavirus outbreak began and yet they were infected. Their children and caregivers take them clean food and groceries, scrub gel sanitizers on hands before entering their house, disinfect elevator buttons, doorknobs and handrails, in short they do everything right. But they don’t take their shoes off. And that is a big problem.

Photo: Vhines200

There are people who spit, vomit and throw cigarette butts on the floor. Dogs and cats pee and poop on streets, rats and pigeons do the same. Whoever steps on the sidewalk and enters the house is taking inside dirt, bacteria and viruses on shoes. Elderly people may not have contact with the sidewalks, but if they sit on a sofa where pets, children or teens have put their feet on, or put on the sofa a ball or toys picked up from the floor, contamination is possible.

In countries where taking off shoes is not usual experts are trying to create a new antivirus habit. One simple tip is taking off your shoes, leave them at your entrance and have a pair of slippers to use inside the house only, like Japanese do. Another tip is to leave a towel moistened with a solution of water and chlorine bleach inside a cat sand tray and step on that towel before entering the house to disinfect shoes’ soles. Chlorine bleach is more efficient than 70º alcohol for that situation, say the experts.

The habit of taking shoes off

In the past, in the Jomon Era, ancestors of the Japanese people lived in huts, where in its center they dug a circular hole in the ground. The hole measured approximately 40 cm deep, and wooden stakes forming a cone were placed and covered with straw or other kind of dry vegetation. By keeping fire burning in the central hole, the family settled comfortably despite of the cold. When they started to cultivate rice, it was necessary to build garners to storage food for wintertime. These garners were built on an elevated platform to allow ventilation and avoid humidity.

© Andrea Hale

People started to build their houses also on a platform when they started to use wooden floors or straw tatami. Their shoes/sandals, usually filled with dirt, could not be worn inside the house because the tatami is difficult to be cleaned up, so they started to reserve a space at the entrance for taking off and leaving shoes.

Known as genkan, that space can have a closet to store shoes and it is always one or two steps below the level of the rest of the house. The postman or anybody who is going to deliver or remove something from the house stay at the genkan and does not go that step up. That is why entry doors always open outwards in Japan (if doors were opened inwards like in western countries, a dweller could eventually be hurt at the genkan when someone opens the door).

Traditional Japanese architecture: houses are built on a platform above ground level. Photo: Kentaro Ohno

It is believed that the habit of leaving shoes outside is very old, and in drawings from Heian period it is possible to realize that it was not common to invite people to step on the platform of the houses. Being invited to enter a house, which meant to step on the platform, was an honor and bringing dirt into the house was extremely offensive considering the house’s master’s kindness in allowing entry. The Japanese culture of sitting and sleeping on futons placed directly on tatami, partly because of earthquakes, is also coherent with the custom of keeping the floor always clean.

© Masaki Shiina

Contemporary Japanese houses have genkans, even if it is a tiny one and all the rooms in the house are western styled, with hard floors, chairs and beds. And when someone invites you in, they say agattekudasai, which means ‘come up, please’.

Author: Francisco Noriyuki Sato is brazilian journalist

The original portuguese version is here: http://www.culturajaponesa.com.br/index.php/o-habito-de-tirar-sapatos-pode-estar-salvando-vidas-do-covid-19-no-japao/

mar 242020
 

São 1.089 casos confirmados do novo coronavírus e 41 óbitos no Japão, segundo dados de 23 de março da World Health Organization (OMS). Os números são pequenos, se comparados com 59.138 casos na Italia, com 5.476 mortos; e 31.573 casos e 402 mortos nos Estados Unidos (dados da OMS em 23/3/2020). Apesar do Japão ser um dos primeiros a ser atingido pelo vírus fatal, e ser o primeiro a pedir para as escolas anteciparem as férias, não houve quarentena em nenhuma cidade, e agora, algumas escolas já voltaram a funcionar. O que esse país fez de diferente para ter esse resultado?

© Akaitori

Talvez os hábitos da população. Nunca entrar com o sapato para dentro da casa é um desses hábitos. É costume tirar os sapatos também ao entrar nos templos, nas empresas e nas escolas (exceto nas universidades).

Pouco se fala a respeito disso, mas verificou-se na Europa, que há idosos que nunca saíram de casa, entretanto, foram infectados pelo Covid-19. Seus filhos e cuidadores, que levam comida para eles fazem tudo direitinho, passam álcool gel nas mãos, ficam longe do idoso e tomam o cuidado de limparem as maçanetas e os corrimãos da casa. Só não tiram o sapato. E aqui está um problema.

Há pessoas que cospem, vomitam e jogam bituca de cigarro no chão, e cachorros e gatos urinam e fazem fezes na rua. Quem pisa na calçada e entra em casa, está levando essa sujeira e os vírus para dentro. O idoso pode não ter contato com o chão, mas se ele se sentar no mesmo sofá onde sentou um neto, que acabou de pegar a bola do chão, já é possível que ele seja contaminado.

Uma dica prática é tirar e deixar os sapatos na entrada, e ter um chinelo para andar dentro da casa. Uma toalha umedecida com água sanitária dissolvida com bastante água e colocada no chão, pode ser uma solução para eliminar o vírus da sola do sapato. O cloro da água sanitária é mais eficiente que o álcool de 70º, dizem os especialistas.

O costume de tirar os sapatos

No passado, na Era Jomon, os ancestrais dos japoneses moravam em cabanas, onde se cavava um buraco circular no chão, com profundidade aproximada de 40 cm e estacas de madeira eram colocadas (formando um cone) e cobertas com palha ou outra vegetação seca. Mantendo-se aceso o fogo na parte central, a família se acomodava confortavelmente apesar do frio. Quando começaram a cultivar o arroz, foi necessário construir depósitos para conservar o alimento no inverno. Esses ficavam numa plataforma um pouco elevada por causa da ventilação e para não pegar umidade.

© Andrea Hale

O ser humano passou a construir sua casa também sob uma plataforma quando começou a utilizar assoalhos de madeira ou tatame. Os calçados, geralmente cheios de terra, não podiam ficar do lado de dentro da casa porque o tatame é difícil de limpar. Assim, começaram a reservar um espaço na entrada para tirar e deixar o calçado.

Conhecido como “genkan”, no local pode ter um armário para guardar sapatos e fica sempre um ou dois degraus abaixo do nível do restante da casa. O entregador dos correios ou qualquer pessoa que vá entregar ou retirar alguma coisa fica no “genkan” e não sobe aquele degrau da casa. É por isso que as portas são abertas sempre para o lado de fora no Japão (se abrisse para dentro poderia machucar alguém que está no “genkan”).

Casas ficam numa plataforma acima do nível do chão ©Kentaro Ohno

Acredita-se que o hábito de se deixar os calçados do lado de fora seja muito antigo, e nos desenhos da Era Heian é possível perceber que não era comum as pessoas serem convidadas a subir na “plataforma” das casas. Ser convidado para entrar era uma honra e não se podia levar sujeira para dentro da casa diante da gentileza do dono da casa em permitir entrar. A cultura japonesa de se sentar e dormir sobre um “futon” colocado diretamente no tatame, em parte por causa dos terremotos, pode ter a ver com esse costume de manter o chão sempre limpo. 

© Masaki Shiina

Até as casas atuais possuem o “genkan”, mesmo que seja ele minúsculo e todos os aposentos da casa serem ocidentais, com cadeiras e camas. E quando alguém convida para entrar, é dito “agattekudasai”, que significa: “suba, por favor”.

Tradução do título em japonês: 靴を脱ぐ習慣は日本人の命を新型コロナウイルスから救っているかもしれない。

mar 172020
 

O mundo tratou de esquecer, mas 100 anos atrás, um vírus parecido com Covid-19, batizado de Gripe Espanhola, varreu o mundo atingindo quase 27% da população e matando mais do que a Primeira Guerra Mundial

A gripe espanhola foi uma pandemia que durou de janeiro de 1918 a dezembro de 1920, e que pode ter matado entre 17 e 50 milhões de pessoas depois de contaminar mais de 500 milhões de pessoas. Assim, como o coronavírus, é um vírus do tipo Influenza A do subtipo H1N1.

Trabalhadores chineses na base militar britânica em 1917. Foto: John Warwick Brooke – Imperial War Museums England

Embora tenha o nome de Gripe Espanhola, sua origem é desconhecida. Como surgiu durante a Primeira Guerra Mundial, recebeu o nome de “espanhola” pelo fato da Espanha não ter participado do conflito e ela divulgou com bastante destaque a nova doença, enquanto a imprensa de outros países, preocupada em esconder a verdade de seus habitantes em tempo de guerra, preferiu ficar quieta.

A gripe foi registrada pela primeira vez no acampamento militar de Fort Riley, Kansas, Estados Unidos, no dia 4 de março de 1918 e de lá teria embarcado para a Europa junto com as tropas. Em países diretamente envolvidos com a guerra é difícil esperar que os dados de uma gripe sejam registrados de forma correta e na hora certa. Alguns estudiosos afirmam que a gripe teria se originado na China porque 140 mil trabalhadores chineses foram contratados pela Inglaterra e pela França, a partir de agosto de 1917, para trabalharem nas áreas de conflito em trabalhos pesados. Com a Europa em guerra, os chineses viajavam pelo Pacífico ou passavam pelo Canadá, de onde seguiam de trem até o porto e então levados pelo navio para Europa em condições insalubres.

Condutor do bonde recusa passageiro sem máscara em Seatle nos Estados Unidos, 1918. Autoria desconhecida.

Sabe-se que a doença na Europa foi registrada, primeiro nos campos militares franceses, britânicos e americanos na França, em abril de 1918. Em maio, a gripe chegou à Grécia, Portugal e Espanha, e em junho, Dinamarca e Noruega foram atingidos. Em agosto, a doença atingiu os Países Baixos e a Suécia. A Itália em guerra também registrou vítimas. Estima-se que 466 mil italianos perderam a vida pela pandemia. Todos os exércitos da Europa sofreram baixas com a Gripe Espanhola, tanto é que se argumenta que o conflito terminou antes do previsto por falta de soldados para lutar.

A Gripe Espanhola no Brasil

No Brasil, as primeiras notícias da pandemia circularam em agosto de 1918, e ganhou mais impacto em setembro, quando tropas brasileiras foram contaminadas no Norte da África. O problema chegou ao Brasil com o navio Demerara, proveniente da Europa, que aportou em Recife, Salvador e Rio de Janeiro, chegando à Amazônia em novembro de 1918. Como o transporte na época era realizado em navios, o grande foco de contaminação foram os portos, que recebiam essas embarcações.

Nos períodos em que a gripe mostrava maior periculosidade, foram tomadas medidas para se diminuir as chances de contaminação. Assim, como acontece hoje com o coronavírus, escolas foram fechadas, assim como as salas de cinema e teatro, além de bares e casas noturnas. Festas populares e partidas esportivas foram proibidas. Durante muitos meses, a vida social foi bastante restringida para o bem de todos. Assim, na primeira grande festa popular permitida, no Carnaval de fevereiro de 1920, houve um exagero em termos de euforia, e se a gripe já não assustava mais, “houve uma liberação dos usos e costumes’, contam os jornais da época.

Carmen Miranda gravou “E o mundo não se acabou”, que lembra da Gripe Espanhola

Embora não haja dados oficiais completos, estima-se que 35 mil pessoas morreram por causa dessa pandemia, sendo 12.700 no Rio de Janeiro, 6.000 em São Paulo, 1.316 em Porto Alegre, 1.250 em Recife e 386 em Salvador.

O compositor Assis Valente compôs e a cantora Carmem Miranda gravou, 20 anos após o início da pandemia, a música “E o Mundo Não se Acabou”, mostrando com bom humor o terror apocalíptico que tomou conta da Nação.

Dois nomes famosos dentre as vítimas da Gripe Espanhola são o do então presidente da República Francisco de Paula Rodrigues Alves, que faleceu em 19 de janeiro de 1919, e o da educadora Anália Franco, que perdeu a vida um dia depois do presidente.

O Japão e a Gripe Espanhola

Causou surpresa o anúncio do Primeiro Ministro Shinzo Abe, no dia 27 de fevereiro de 2020, de que as escolas antecipariam as férias escolares. O Japão foi o primeiro a recomendar o fechamento de todas as escolas do país. Na verdade, o que pesou na decisão de Abe, depois criticada pela oposição, foi o precedente da Gripe Espanhola um século antes.

Estudantes se protegem com máscaras da Gripe Espanhola em 1919. Foto: Mainichi Shimbun

O diário Kyushu Nippo, de 25/10/1918 noticiou a Gripe Espanhola vindo do Sul da África, que teria se espalhado na Península Malaia (Malásia e Singapura) causando milhares de mortos. A matéria fala do risco do vírus chegar ao Japão através dos navios de carga que aportam naquela região e diz que as autoridades não conseguirão evitar o contágio. Menos de 10 dias depois, o jornal Fukuoka Nichi Nichi Shimbun noticiou o crescente fechamento das escolas primárias, ginasiais e colegiais da cidade de Fukuoka por causa do surto da gripe. Fala-se em 5.500 internados só naquela cidade. A província de Fukuoka, entretanto, registrou o primeiro paciente da Gripe Espanhola no dia 10 de outubro de 1918 numa escola colegial feminina. E em um mês, o número de vítimas subiu para 569.960 e 4.399 tinham perdido suas vidas naquela província.

A pandemia também estava prejudicando a economia. O próprio jornal de Fukuoka, numa das edições, pede desculpas aos leitores por estar circulando com apenas oito páginas, por falta de papel, porque os funcionários da indústria não estavam comparecendo por causa da gripe. Pelo mesmo motivo, menos trens estavam em circulação, a indústria de carvão deu férias coletivas, e o serviço telegráfico e de correio estavam com muito atraso nas entregas. Também devido à gripe, o gelo foi bastante consumido, sendo que os comerciantes venderam mais gelo naquele inverno do que no verão todo.

O governador da província de Fukuoka, Tomegoro Taniguchi, anunciou, no dia 6 de novembro de 1918, recomendações para diminuir a proliferação da doença. 1 – Deve-se guardar a distância mínima de 1,2 metros em relação a outra pessoa ou usar uma máscara. 2 – Se tiver que tossir ou espirrar, cobrir a boca e o nariz com a manga da camisa. 3 – Recomenda-se não viajar nesse período a não ser que seja imprescindível, porque se pode contaminar na pousada ou mesmo no trem. 4 – Devem-se evitar locais de grande concentração de pessoas. 5 – Mesmo nunca casa sem infectados deve-se deixar as janelas abertas para a circulação de ar. 6 – Travesseiros e cobertores devem ser estendidos ao Sol diariamente. Todas essas recomendações parecem iguais aos do novo coronavírus.

Hospital provisório em Kansas para atender a pandemia, 1918. National Museum of Health and Medicine

Dois anos depois, em 1920, o vírus foi perdendo a força, mas o número real de vítimas ainda é uma incógnita, pois houve uma movimentação muito grande de pessoas dentro e para fora do Japão, pelo retorno de tropas da Primeira Guerra Mundial, pela saída de novas tropas para Sibéria em 1919 e pelos emigrantes que deixaram seu país em busca de uma vida melhor. Segundo o jornal Japan Times, estudiosos da atualidade estimam que 470 mil japoneses perderam a vida pela Gripe Espanhola ou pelas complicações paralelas como a pneumonia. E pelo menos 200 mil japoneses que moravam na Coréia ou Taiwan, que faziam parte do império japonês, também teriam sido vítimas fatais do vírus.

A população jovem foi a mais atingida pela Gripe Espanhola. No Japão, observou-se um maior número de vítimas masculinas entre 21 e 23 anos de idade no início da pandemia em 1918, daí o motivo de fechar as escolas. Em 1920, as vítimas estavam em maior número entre 33 e 35 anos. Já entre as mulheres, muitas estavam na faixa de 24 e 26 anos em todos os anos.

Os japoneses sempre usam máscaras de proteção

Poster da campanha pela utilização da máscara em transportes coletivos, em 1919. Instituto Nacional de Saúde Pública do Japão.

As máscaras para uso cotidiano surgiram no Período Meiji. No início eram feitas de malha de arame de latão com um tecido como filtro e eram usadas principalmente para proteção contra poeira. No Japão é comum as pessoas sofrerem de “kafunsho”, que é a alergia ao pólen de plantas e árvores. Cedro, cipreste e até o arroz solta o pólen, que voa com o vento e pode desencadear o “kafunsho”, geralmente entre os meses de fevereiro e maio, quando muitas pessoas saem de suas casas com uma máscara.

A máscara passou a ser largamente utilizada por causa da pandemia da Gripe Espanhola, e até havia recomendação das autoridades para que se fizesse uso da máscara em transportes coletivos. Depois, com o advento de materiais mais leves, elas foram aperfeiçoadas. Em 1934, com o surto de uma gripe, as vendas de máscaras dispararam. E assim, até hoje, todos usam máscaras, não para se proteger de uma gripe, mas em respeito aos demais, para não contaminar uma outra pessoa, sendo uma espécie de etiqueta social.

Num artigo publicado em maio de 2019, portanto bem antes de conhecer a epidemia do novo coronavírus, o jornal Japan Times recordava a triste passagem da Gripe Espanhola pelo Japão um século atrás, e que não havia meios de tratamento na época. Entretanto, o artigo lembra que o único meio de deter a propagação da doença foi, sem dúvida, o grande esforço da comunidade ao usar máscaras, evitar aglomerações e reduzir viagens.

“Num mundo interconectado, o vírus viajará o mundo de avião e estará em todos os lugares antes mesmo de sabermos da sua existência. As autoridades precisarão fechar os aeroportos, paralisar trens e transportes públicos para conter a crise em caso de um novo surto como o da terrível Gripe Espanhola”, diz o artigo.

out 282019
 

Shinichi Kitakoka, presidente da JICA – Agência de Cooperação Internacional do Japão, ministrará uma palestra especial no dia 4 de novembro de 2019, das 19 às 21 horas, no Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, 95, Centro. O tema da palestra será “A Modernização do Japão e as Relações Nipo-Brasileiras”. Entrada Franca.

O palestrante desperta interesse, pois, antes de assumir a presidência da JICA, foi reitor da Universidade Internacional do Japão, professor do National Graduate Institute, Universidade de Tóquio e da Universidade de Rikko. Foi também Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário e Representante Permanente Adjunto do Japão junto às Nações Unidas (ONU). É especialista em história, política moderna e diplomacia do Japão, sendo autor de vários livros.

A palestra integra o Programa de Estudo do Desenvolvimento Japonês (Cátedra Fujita-Ninomiya), que é um convênio entre o Japão e o Brasil, onde a JICA estabeleceu um curso no Departamento de Direito Internacional da USP para o estudo e pesquisa sobre a experiência do desenvolvimento no período do pós-Guerra até a atualidade.

Dia 4 de novembro de 2019 – 19 às 21 horas, no Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP.