O governo da província de Nagasaki está oferecendo uma bolsa de estagio no Japão e as inscrições estão abertas.
A Japan House de São Paulo realiza até dia 17 de julho de 2019, a exposição “Japão 47 artesãos”. Trata-se de uma oportunidade para ver as artes tradicionais japonesas das 47 províncias feitas por 47 talentosos artistas jovens. Aproveitando a ocasião, cada província apresentará uma palestra ou atividade na Japan House durante o período da exposição.
A província de Ishikawa, reconhecida por possuir uma cidade da época dos samurais preservada, realizará no dia 25 de junho, uma palestra falando da história e apresentando as suas artes tradicionais, das 17 às 20h30. A entrada é franca, mas como são 100 lugares, é recomendável chegar com certa antecedência ao local. A apresentação está à cargo do ex-bolsista Caio Yuzo Higashino e dos professores de história do Japão, Francisco Noriyuki Sato e Cristiane A. Sato, que levarão, com certeza, muitas informações interessantes.
JAPÃO 47 ARTESÃOS
Japan House São Paulo – Avenida Paulista, 52 (2º andar)
De 22 de abril a 17 de julho de 2019
Horário de funcionamento:
Terça-feira a Sábado: das 10h às 20h
Domingos e feriados: das 10h às 18h
Palestra sobre Ishikawa
Japan House São Paulo
Dia 25 de junho de 2019 – terça-feira – 17 às 20h30
Entrada gratuita
Os números impressionam nos Jogos Olímpicos de Tóquio, que será o 32º jogos de verão da moderna olimpíada, que começou em Atenas, em 1896. 14.737 atletas de 204 países disputarão 33 modalidades esportivas, nas olimpíadas e paraolimpíadas, ocupando 43 instalações. Os números são incomparáveis com os 18º Jogos sediados por Tóquio, em 1964, quando participaram 5.151 atletas de 93 países, competindo em 21 modalidades.
Desde a década de 1980, os números cresceram, com a inclusão de novos países que surgiram com a divisão da antiga União Soviética e de países que passaram a praticar as modalidades olímpicas mais divulgadas pela mídia. O número de modalidades também aumentou. Rio de Janeiro, que sediou os Jogos de 2016, contabilizou 15.580 atletas de 207 países, ou seja, mais do que Tóquio espera daqui a dois anos. A causa dessa diminuição pode ser atribuída à crise econômica a nível global, que causa um menor interesse dos patrocinadores para as delegações, e também a instabilidade social em algumas regiões.
Caríssimos Jogos Olímpicos
Os custos e benefícios de um megaevento como os Jogos Olímpicos são sempre uma incógnita. Independente das acusações de corrupção e de falta de transparência, que assola esse meio a nível internacional, as variáveis são muitas porque existe a particularidade de cada localidade. As caríssimas obras poderão ter utilidade depois dos Jogos e trazer renda, ou então, como ocorre com a maioria das instalações, trazer mais despesas.
O Comitê Olímpico de Tóquio anunciou, em janeiro deste ano, a previsão orçamentária de 12,6 bilhões de dólares para os Jogos de Tóquio, mas a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, avisou que a cidade deverá gastar mais 7,5 bilhões de dólares para sua realização, ou seja, o custo total deverá superar a casa dos 20 bilhões. Número assustador, se comparar com os jogos de 1964, quando Tóquio gastou o equivalente a 282 milhões de dólares. Naquela época, esses eventos custavam bem menos. Os atletas em geral eram amadores e as instalações eram simples. O Comitê de Tóquio e o Comitê Internacional (IOC) discutem a necessidade de se cortar os custos, que atormentaram as últimas olimpíadas e estão afastando as possíveis cidades candidatas aos próximos jogos.
O fator custo preocupa o IOC, porque pode comprometer a própria continuidade dos Jogos. Os custos médios das Olimpíadas mais que quadriplicaram nos últimos oito anos. Por isso, a queda de cidades interessadas é dramática. Em 2008, dez cidades participaram da disputa vencida por Beijing. Quatro anos depois, Londres teve que disputar com oito cidades. O Rio, para 2016, disputou com seis. E para os Jogos de 2020, apenas três cidades se candidataram: Tóquio, Madrid e Istambul. Para a concorrência de 2024, aberta em 2015, surgiram cinco cidades interessadas, entretanto, Hamburgo, Roma e Budapeste se retiraram da disputa, restando apenas Paris e Los Angeles. Para evitar que a situação fique pior, o IOC escolheu Paris para 2024 e já acertou com Los Angeles os Jogos de 2028, que, portanto ficou sem concorrência. O aumento dos custos ocorre também com os Jogos Olímpicos de Inverno. Sochi, na Rússia, investiu 50 bilhões de dólares, o recorde de todos os tempos, superando Beijing em 2008, com 40 bilhões.
Todos falam do Rio 2016 como sinônimo de superfaturamento. Mas na prática, oficialmente foram gastos perto de 11 bilhões de dólares, número que os especialistas em eventos esportivos internacionais não concordam e atribuem um custo total real de 20 bilhões de dólares, uma vez que há custos que não figuraram no orçamento. Mesmo assim é uma pechincha, se comparado com Beijing e Sochi. O que foi decepcionante, no caso do Rio, foi a falta de retorno do investimento. O retorno em turismo, por exemplo, foi um grande fiasco. Embora a prefeitura do Rio de Janeiro avalie como um “enorme sucesso” o evento esportivo sediado pela cidade, com a vinda, segundo a mesma, de 1,17 milhão de turistas ao Rio por conta dos Jogos, apenas 410 mil eram estrangeiros, com gasto médio de R$ 424,62 por dia. Os 760 mil brasileiros tiveram um gasto médio de R$ 310,42 por dia. Somando tudo, o resultado bruto é irrisório, de menos de 130 milhões de dólares por dia.
No Brasil todo, no ano dos Jogos Olímpicos, o Brasil registrou a chegada de 6,546 milhões de turistas estrangeiros. Em 2014, quando o Brasil sediou a Copa do Mundo de Futebol, vieram menos ainda: 6,429 milhões. Sem nenhum investimento atraente, o Brasil, no ano passado, recebeu 6,588 milhões de estrangeiros, ou seja, mais do que nos anos dos eventos esportivos, que em nada melhoraram o desempenho do país no setor turístico. No último ano, os argentinos representaram quase 40% de todos os estrangeiros.
No caso de Tóquio, a expectativa de público é maior, porque, a exemplo de outras metrópoles mundiais, o número de turistas estrangeiros vem crescendo a cada ano. Em 2017, sem realizar nenhum evento de porte internacional, o Japão registrou 28,69 milhões de turistas de fora (destes, quase 40% são chineses). Em 2016, o país havia recebido 24 milhões e, para se ter uma ideia do crescimento do Japão como destino turístico, basta lembrar que ele tinha apenas 8,61 milhões de turistas estrangeiros em 2010, e o número diminuiu ainda mais no ano seguinte por conta do terremoto e do tsunami na região Nordeste, chegando a 6,218 milhões naquele ano (quase o mesmo do Brasil). Reconstruindo e se recuperando rapidamente da tragédia, o país passou a ser o destino preferido de muitos turistas, por ser considerado um local extremamente seguro, se comparado com outras metrópoles mundiais. Apenas para comparar, o Brasil, em 2011, recebeu 5,433 milhões de estrangeiros e evoluiu pouco de lá para cá. Para 2020, ano dos Jogos de Tóquio, o Japão espera receber 40 milhões de estrangeiros.
Mesmo que esse número se confirme, os especialistas calculam que dificilmente o evento trará um resultado positivo. Argumentam que, mesmo tendo menores gastos no passado, muitas das cidades que sediaram os Jogos sofreram para equilibrar sua economia. Caso de Montreal, no Canadá, que sediou o evento em 1976. Embora considerado um bom e seguro evento, a cidade contraiu uma dívida de dois bilhões de dólares americanos, que só foi quitado totalmente 40 anos depois. Além disso, naquele ano, Canadá acabou não conquistando nenhuma medalha de ouro. Roma, que inicialmente havia se candidatado aos Jogos de 2024, retirou seu nome porque a prefeita Virginia Raggi argumentou que a cidade não tinha estrutura para isso e que ainda sofre por conta dos jogos que sediou em 1960. Muitos economistas atribuem a atual crise econômica da Grécia aos jogos que sua capital Atenas sediou em 2004. Afinal, amargar um prejuízo de 14,5 bilhões de dólares para uma economia pequena é ainda mais difícil.
No caso do Rio, além dos gastos em construções, parte dos quais não terá mais utilidade, há que se considerar o prejuízo pelos dias parados por causa das competições. Houve quatro feriados decretados no Rio, além de engarrafamentos no trânsito, os quais levaram à diminuição da atividade econômica e, portanto, ao recolhimento menor do ICMS e do IPI. Quem se beneficiou foram os hotéis e restaurantes, que recolhem ISS. A Comissão Olímpica de Tóquio também estuda a possibilidade de decretar feriados, ou meio-expediente, principalmente no dia da abertura. É que a cidade de Tóquio já é congestionada em dias normais, e o problema pode se agravar pelo fato das competições ocorrerem em pleno verão, quando a temperatura pode ultrapassar os 35°C. Por conta disso, em 1964, o evento foi realizado em outubro.
Quem paga a conta?
Para o Rio 2016, as autoridades brasileiras calcularam que 50% de todo o montante seria pago pela iniciativa privada e o restante pelos governos municipal, estadual e federal. Com o valor captado em patrocínios, o comitê gestor do Rio 2016 deveria arcar com todos os custos do evento em si, mas a parte da segurança das arenas e até o fornecimento de energia elétrica foram repassadas ao governo federal. Além disso, o comitê obteve ajuda federal para pagar as despesas das cerimônias de abertura e de encerramento, e ainda conseguiu financiamento do governo federal através do BNDES.
O governo estadual, que chegou a deixar de pagar salários de funcionários e decretou estado de calamidade pública por causa da crise econômica, um pouco antes do início dos Jogos, em 2016, recebeu R$ 2,9 bilhões como doação do governo federal às vésperas do evento. Especialistas de agências de classificação de risco afirmavam na época, que qualquer crescimento econômico em função de um evento que dura apenas duas semanas seriam apenas uma solução temporária. Sem reformas na previdência e redução de custos com folha de pagamento do funcionalismo público, o Estado precisaria de mais ajuda do governo federal. E foi exatamente o que ocorreu.
No Japão, os principais patrocinadores estão definidos, mas nota-se a falta de muitas empresas japonesas que investiam em eventos internacionais no passado. Mesmo na Copa do Mundo de Futebol deste ano na Rússia, não se viu companhias japonesas dentre as principais, sendo que da Ásia participaram a coreana Samsung e a chinesa Wanda, demonstrando que Japão não vive bons momentos. Dentre os 13 patrocinadores globais do Comitê Olímpico Internacional, estão a Toyota, Panasonic e Bridgestone, que já estavam no Rio 2016.
A estrutura dos Jogos de Tóquio 2020
Das 43 localidades escolhidas para as competições, 25 já existem e estão sendo adaptadas, 10 serão temporários e oito são as novas instalações permanentes. Dentre as existentes, algumas foram utilizadas em 1964. Caso do Estádio Olímpico, do Nippon Budokan, e do Ginásio Nacional de Yoyogi. Esses nunca deixaram de ser utilizados até hoje. O mesmo não pode ser dito da Vila dos Atletas, a qual foi elogiada em 1964 pelo jornal New York Times: “A transformação do antigo quarteirão da base militar americana em alojamento dos atletas não alterou substancialmente a aparência de um subúrbio americano. Os atletas de outros países que vierem ao Japão encontrarão uma vila bem parecida com o subúrbio americano. A principal diferença é que a nova geladeira, máquinas de lavar, televisores e outros eletrodomésticos estampam marcas japonesas ao invés das americanas, mas o design é americano. As 249 casas que foram construídas para militares americanos e suas famílias e os 14 prédios de blocos que já foram quartos de solteiro e residências para mulheres solteiras empregadas pelas Forças Armadas dos Estados Unidos abrigarão mais de 8.000 atletas e autoridades de 98 nações”. O local antes ocupado pela Vila dos Atletas é hoje o Parque Yoyogi, uma área verde, cercado pelos sofisticados bairros comerciais de Shinjuku, Harajuku e Shibuya.
Embora o evento tenha o nome de Jogos Olímpicos de Tóquio, das 43 localidades, apenas 20 ficam perto da Baía de Tóquio. Cidades próximas, como Saitama e Yokohama, dividem as modalidades, mas as competições de futebol e beisebol, que costumam ter um público grande, foram deslocadas também para Miyagi, Ibaraki e Fukushima, esses para ajudar na crise que começou com o terremoto seguido de tsunami, de 2011. A comissão definiu ainda Sapporo, em Hokkaido, a 832 km de Tóquio, como sede de algumas partidas. É claro que todos esses deslocamentos aumentam os custos das competições, mas é uma forma de desafogar Tóquio e distribuir um pouco os turistas pelo país. Nos Jogos de 1964, apenas Karuisawa, em Nagano, se destacou pela distância em relação a Tóquio. E Karuizawa e Tóquio estão a apenas 170 km de distância.
Pressão extrema para os preparativos
A demora na escolha dos locais para os jogos e a aprovação dos orçamentos causaram, evidentemente, atraso nas obras. Isso pode ser comum em outros países, mas não no Japão, onde os cronogramas costumam ser rigorosamente respeitados. Com isso, quem sofre são os funcionários das construtoras. Um deles, de apenas 23 anos, que trabalhava nas obras do principal estádio, cometeu suicídio em março de 2017, depois de ter feito 190 horas extras em um mês. O Japão possui até uma palavra específica para mortes por excesso de trabalho: karoushi. Qualquer morte causada por fazer mais de 80 horas extras em um mês é considerado karoushi. E isso já ocorreu também em agências de propaganda e outras empresas onde se trabalha muito acima do normal. Mas nessas obras estruturais das olimpíadas, estima-se que haja 18 empresas cujos empregados ultrapassam o limite legal de 80 horas.
A parte esportiva
As novidades para os Jogos de Tóquio ficaram por conta da introdução das modalidades mais praticadas no Japão. A exemplo do judô, que começou a ser disputado em Tóquio, em 1964, beisebol, softbol e karatê estarão entre as competições de 2020. Além disso, visando atingir o público mais jovem, as modalidades de skate, surfe e escalada esportiva entrarão na competição. Outros esportes que buscam esse público são o basquete “3 on 3” e o “BMX freestyle” (manobras radicais com bicicleta).
Outra novidade são as categorias mistas. Homens e mulheres competirão conjuntamente no revezamento 4 x 400 metros e nos 4 x 100 metros em estilo livre nas piscinas, além de times mistos no triatlo. Haverá também equipes mistas de judô, tiro com arco e tênis de mesa.
A tendência é incluir modalidades que atraiam mais jovens e também mulheres.
A captação de voluntários
Para Tokyo 2020, é esperada a participação de 80 mil voluntários convocados pelo comitê organizador e mais 30 mil solicitados pelo governo de Tóquio. Há inúmeras funções para os voluntários, mas basicamente prestarão os seguintes serviços:
Pelo Comitê: Voluntários para atendimento ao público, suporte aos locais de competição e suporte aos jornalistas internacionais.
Por Tóquio: Atendimento aos turistas, orientação de transporte e locomoção dos visitantes aos locais da competição e suporte ao site de transmissão ao vivo dos jogos.
Em ambos os casos não há idade máxima (mínimo 18 anos em abril de 2020), bastando que a pessoa tenha boa saúde, e pode ser de qualquer nacionalidade e sexo. O participante precisa necessariamente dispor de pelo menos 10 dias para colaborar.
Período de inscrição: ia de setembro a dezembro de 2018 pelo site: https://tokyo2020.org/en/. Há possibilidade de se abrir novo período de inscrição para atividades específicas.
No Rio 2016, 70% dos voluntários inscritos não compareceram nos locais de trabalho e foi necessário arrumar “voluntários remunerados”.
autor: Francisco Noriyuki Sato – publicado em julho/2018
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