nov 112014
 

Homens de negócios e turistas disputam acomodações em Tóquio. As reservas em hotéis de preços razoáveis, na base de até 100 dólares por noite, sem café da manhã, e localizadas perto das estações de metrô, precisam ser feitas com 2 meses de antecedência. Até os “capsule hotel” vivem lotados, porque os estrangeiros fazem questão de experimentar essas incríveis acomodações “na gaveta”.

tokyo apartments david lisbona

Foto de David Lisbona

A nova moda, entretanto, entre os estrangeiros é se hospedar nos antigos alojamentos para operários de Toquio. Essa escolha ocorre, em parte, porque os estrangeiros encontram dificuldades em alugar apartamentos comuns. É necessário encontrar um fiador e o contrato é de meio ano para cima. Existem muitos estrangeiros viajando a turismo ou a negócios, que pretendem ficar um ou dois meses na cidade, e esses vêm procurando hospedagem nesses alojamentos antigos, onde não encontram essas exigências, mas precisam morar num minúsculo quarto individual, com banheiro e cozinha usados em conjunto com outros moradores do condomínio. Esses detalhes que afastam o japonês comum é justamente o que atrai o estrangeiro. Morar nesses espaços pequenos e viver em comunidade, tal qual eles viram em filmes e desenhos japoneses, é o que parece chamar essas pessoas. Assim, os alojamentos com melhor localização estão todos lotados de estrangeiros.

Um empresário japonês que viaja diariamente de Chiba, cidade vizinha, para Tóquio, comenta que essas coisas tipicamente japonesas estão atraindo cada vez mais turistas estrangeiros. Aquela imagem de cidade internacional e bastante americana, que marcou a Tóquio nos anos 80, em plena bolha econômica, parece querer dar lugar a uma cidade mais “wa” (espírito japonês), com mais semelhança com a cidade ocupada pelo último xógun Tokugawa, quando a cidade tinha o nome de Edo. A prova disso é que proliferam pequenos restaurantes tipicamente japoneses, com placas escritas com grossos pincéis de shodô, no lugar das lanchonetes, que eram mais comuns nas décadas de 80 e 90. Na Estação Ryogoku, no centro de Tóquio, há vários restaurantes que servem o “chanko nabe”, prato preferido pelos lutadores de sumô, pois ali fica a principal arena do sumô japonês. E, por incrível que pareça, esse lugar vive abarrotado de turistas estrangeiros.

O mesmo empresário de Chiba lembra que voltou a ver vendedores de batata circulando pela cidade de bicicleta, algo que não se via há pelo menos 40 anos, o que também chama a atenção de estrangeiros no país. “Talvez o Japão menos internacional esteja voltando, curiosamente, por causa do interesse dos estrangeiros”, comentou.

Veja também: Por uma Tóquio de antigamente: feira-livre

nov 112014
 

DSCN6003DSCN6007Tóquio é uma cidade que vive se transformando. E isso inclui, vez ou outra, uma volta ao passado. É o caso da curiosa batata-doce assada no vaso, preparada na saída da estação Ryogoku do metrô, no centro da metropole. Chama-se “tsuboyaki imo”, foi criado na Era Taisho (1912 a 1926)e foi popular ao final da guerra, mas havia sumido das grandes cidades. Basicamente, é um vaso de barro gigante com tampa. No fundo são colocados o carvão vegetal e o fogo, e há um orifício para entrada do ar. As batatas ficam suspensas perto da tampa. Esse processo permite que a batata fique assada sem ficar queimada, preservando assim, o seu sabor ideal. Shinji Arai, 72 anos, diz que quando se aposentou pensou em fazer alguma coisa que resgatasse o que seus filhos não conheciam mais, e encontrou a batata-doce assada, que foi comum  na sua infância. “Isso não dá lucro, porque demora muito para ficar pronta”, confessa o idealista.

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Shinya Matsuura e Shinji Arai

Mas não é só a batata-doce que traz de volta o sabor do Japão antigo. Outras barracas trazem verduras frescas, flores, conservas preparadas em casa, e até o raro chá de motigome (arroz usado em bolinhos). Na concorrência com as grandes redes de lojas de conveniência, a feira livre desapareceu de Tóquio faz tempo. Voltou aqui, por força do idealismo de jovens universitários, liderados por Yuichi Tomohiro, formado em administração comercial pela Universidade de Waseda, que criaram o “Sumida Yacchaba”, uma feira-livre como de antigamente, onde o agricultor traz o produto, vende e pode conversar com o consumidor. Na verdade, começou com a participação no evento “Festival da Educação Alimentar”, promovido pela administração do bairro de Sumida, que durou dois dias, em 2010. Na época, os agricultores conhecidos dos organizadores foram convidados, e o resultado foi positivo, com algumas oficinas realizadas para o público, e donos de restaurantes que vieram comprar os produtos. Com o sucesso, o grupo marcou um novo evento para junho do ano seguinte. Só não esperavam o grande tsunami de março de 2011, que devastou o Noroeste do país. O líder Tomohiro foi ajudar na região atingida e não tinha como retornar, e assim, seu colega Shinya Matsuura, formado em agronomia pela Universidade de Tokyo, teve que assumir o comando do próximo evento.

Estação Ryogoku do metrô

Estação Ryogoku do metrô

Matsuura tinha experiência, pois ajudava no festival de verão promovido anualmente no bairro de Sumida, e trazia verduras da cidade onde fazia estágio para vender. Ele soube que alguns idosos ficaram desnutridos após o incidente de 2011, pois não encontrava verduras nas lojas próximas. Assim, percebeu que não havia mais agricultores na região e constatou a importância da feira-livre no centro da cidade, onde viviam muitos idosos. Em 2012, planejou uma feira Yacchaba mensal em 18 localidades de Tóquio, incluindo pequenos espaços em cafeterias. A idéia era que os produtos ficassem próximos das casas dos moradores. Porém, a iniciativa não deu certo, pois não havia como administrar tantos locais.

Hoje, o “Sumida Yacchaba” é realizado semanalmente. Aos sábados, acontece na saída da Estação Hikifune, perto do Skytree, ponto turístico; e aos domingos, na saída da Estação Ryogoku. Sempre sorridente, alto e gordo, Shinya Matsuura é constantemente confundido com um lutador de sumô. Também pudera, o Yacchaba da Estação Ryogoku fica bem na frente do Estádio Nacional de Sumô.

Veja continuação em: Por uma Tóquio de antigamente: apartamentos de operários para estrangeiros

Francisco Noriyuki Sato, jornalista

 

out 142014
 

Kanazawa trembalaA expectativa é grande na cidade de Kanazawa, província de Ishikawa, no mar do Japão. O trem-bala ligando Tóquio e Kanazawa será inaugurado em 14 de março de 2015.  Na grande estação de Kanazawa, que será também a estação do novo veículo, há um tour mostrando as futuras instalações. Nas paredes da estação estão expostos desenhos de crianças que participaram do concurso de desenho do trem-bala e nos supermercados existe até um doce típico, cuja caixa tem o formato do trem.

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Contagem regressiva para o grande dia

Contagem regressiva para o grande dia

O projeto é realmente novo. O seu design foi inspirado no tema “Wa no Mirai”, que pode ser traduzido como “O futuro da essência japonesa”, e a criação coube ao designer Kyoyuki Okuyama, que trabalhou na General Motors americana, na Porsche alemã e na italiana Pininfarina, onde ficou famoso por ser o único não italiano a desenhar um modelo da Ferrari.

Já havia trem-bala entre as estações de Tokyo e Nagano. Agora, o mais novo ligará a estação de Tokyo até Kanazawa, passando por Nagano e Toyama. O percurso, feito atualmente por trem-bala e por trem expresso em 4 horas, se resumirá a uma curta viagem sem baldeações de 2 horas e 28 minutos. A população de Kanazawa espera que essa facilidade ajude a cidade a receber mais turistas.

Castelo de Kanazawa

Castelo de Kanazawa

Kanazawa é uma cidade pequena, de 458 mil habitantes, mas é a maior cidade da província de Ishikawa, e a capital cultural e econômica da região de Hokuriku, composta por Toyama, Ishikawa e Fukui. Embora não receba tantos visitantes estrangeiros, é uma cidade bastante querida pelos japoneses. Ela recebe anualmente 7 milhões de visitantes, muitos dos quais em busca de um refúgio tipicamente japonês. Vale lembrar que a cidade possui muitas das construções da época dos samurais, porque o local pertencia a um dos mais ricos senhores feudais do Japão, e que soube investir na arte e na cultura. Depois, a cidade nunca sofreu um desastre natural devastador como em outras regiões, além de não ter sido bombardeada durante a guerra.

A cidade tem artesanato próprio, cerimônia do chá, teatro Noh, biscoitos típicos “wagashi”, onsen (thermas), bairro das gueixas, e um calendário repleto de eventos, como desfiles de moda, festa de animê, oficinas artísticas, maratonas e até academia de sumô. Não faltam atrações para o turista, que conta com vários museus, inúmeros restaurantes típicos, parques e templos, e o que é importante, é possível se locomover facilmente a pé ou com um ônibus circular que sai da estação de Kanazawa levando turistas.

mar 192014
 
kozaburo tamamura

Celebração do Ano Novo de 1906 em Kobe. Segundo o autor, no 15º dia de janeiro, os enfeites do Ano Novo são retirados das casas e levados para os templos xintoistas, onde são queimados numa cerimônia para afastar o mal e as doenças.

Atendendo ao pedido de uma editora norte-americana, o fotógrafo Kozaburo Tamamura produziu belíssimas fotos do Japão, há 100 anos, para o livro “Japanese Views and Characters” e outros. São as primeiras imagens que tiveram como objetivo divulgar o turismo do Japão, e devem ter sido alvos de muita curiosidade, uma vez que o Japão esteve isolado do mundo por mais de dois séculos. Fotos de várias cidades fazem parte dessa montagem, compondo um conjunto nostálgico e um registro relevante da vida daquela época. Há uma curiosa imagem do já rico bairro de Ginza, em 1880, e também uma rua comercial de Kobe, em 1906. Há também fotos de Nova Iorque de um século atrás, que serve como comparação entre as duas metrópoles.

Kozaburo Tamamura nasceu em 1856 e abriu seu estúdio fotográfico no bairro de Asakusa, em Tóquio, em 1874, quando a cidade começava a se transformar com a abertura dos portos ocorrida em 1854. Depois se transferiu para Yokohama, e mais tarde, para Kobe.

mar 132014
 

caqui_fuyuEntre os dias 15 de março e 21 de abril de 2014 (nos finais de semana), no horário das 9 às 17 horas, o público poderá apreciar o evento Colhe e Pague Kaki Fuyu organizado pela família Sakaguti, em Piedade, no interior de São Paulo.
Aqui, o participante paga o ingresso de R$ 5,00 e pode comer caqui à vontade. O detalhe é que o caqui está maduro e pronto para o consumo no pé. Para comprar caqui para levar para casa, você mesmo escolhe, colhe e coloca no cesto. Depois as frutas são pesadas e se paga por quilo.
caqui_fuyu_sakagutiAlém do prazer da experiência em fazer colheita de caqui, muito educativo porque os monitores estão lá para ensinar, a família prepara sucos, tortas e pastéis à base de caqui para vender. Há também flores ornamentais e comida japonesa.
A receita deu tão certo que o evento foi inserido no Calendário Turístico do Município e atrai milhares de visitantes todo o ano. Foi realmente um ato criativo do casal Marcio e Fumico Sakaguti que abriu um novo caminho para o turismo da região.
O endereço é: Estrada Vila Élvio, km 5, Bairro Sarapuí de Cima, Piedade/SP
Veja no site do Sítio Sakaguti outras informações sobre o local e veja as fotos!