Uma teoria do século 17, que recebeu o nome de Nichiyu Dousoron (日ユ同祖論), levantou a hipótese de que o povo do Japão descende em parte das dez tribos perdidas de Israel. O primeiro a falar nisso foi um missionário jesuita chamado João Rodrigues (1561~1634). Ele disse, em 1608, que os povos da China e do Japão descenderiam das tribos perdidas de Israel, embora, posteriormente, ele tenha mudado de ideia.
Em 1870, o escocês Nicholas McLead publicou “Epitome of the Ancient History of Japan”, citando semelhanças entre o Imperador Jimmu e Moisés, e xintoísmo e judaísmo. No Japão, em 1908, o professor Saeki Yoshiro (1872~1965) da conceituada Universidade de Waseda, publicou um livro falando do mesmo assunto e teorizando que o clã Hata (família de presença marcante em Tokushima), que chegou ao Japão passando pela Coreia, era na verdade um grupo judeu.
De tempos em tempos a teoria volta à tona. Não há como comprovar essa ideia, mas os indícios são pelo menos interessantes. Nesta matéria apresentamos um desses indícios, de que o lendário ser das montanhas, o narigudo Tengu, era um judeu.
Tengu é o mais famoso dos espíritos que habitam as montanhas, explica o site oficial da Japan National Tourism Organization. Acredita-se que ele tenha ensinado a arte da espada a um garoto chamado Ushiwakamaru, no século 12. O garoto era o nono filho de um poderoso nobre, mas ao ter seu pai assassinado num conflito, foi recolhido por monges do templo Kurama, e teria sido adotado pelo Tengu, um ser estranho, que habitava no monte Kurama, em Kyoto. Após duros anos de treinamento, Ushiwakamaru recebeu de seu mestre um documento valioso chamado “Tora no Maki” e deixou o monte. Ushiwakamaru se tornou um grande guerreiro, com o seu nome verdadeiro de Minamoto no Yoshitsune e liderou o clã Guenji para derrotar a rival Taira que governava o Japão.
Yoshitsune é um personagem real e o templo e o monte Kurama existem de fato. Agora, o Tengu teria existido? Esses personagens ainda hoje são lembrados no Japão. “Kurama Tengu’ é uma famosa peça do Teatro Noh, e a cena do treinamento de Ushiwakamaru está num belo ukiyoe de Utagawa.
Observação: A nossa ideia é dar abertura para se falar sobre um assunto tão curioso, e que, a partir da simples curiosidade, todos possam pesquisar e aprender mais sobre a história, a geografia e os costumes desses dois povos culturalmente ricos. Acreditar ou não fica a critério de cada um. Publicaremos outras matérias na sequência, apresentando outros indícios apontados por estudiosos do Japão e de Israel. Aguarde!
Shalom!
Eu sou filho de judeus itálico árabe-israelitas, ou seja, judeus italianos por parte de mãe e árabes por parte de pai. Bom, posso afirmar sim, que claramente os japoneses tem, em sua questão cultural, embora obviamente politeístas, enquanto Israel monoteísta, diversas semelhanças bem comuns em relação uns com os outros. A começar pela rigidez com que contam e mapeiam ou que se dedicam a fazer de forma única, os seus ancestrais de tribos antigas. Eu sei disso, porque meu pai consertava os aparelhos de áudio da empresa dele com um japonês chamado Hayashida. E, certa vez conversando com eles, pois eles são brasileiros, do Rio de janeiro, falam português também, questionei na época a cerca do que seria uma nomenclatura utilizada; e ele me disse que era uma palavra para determinar o grau de ancestralidade patriarcal, que é Issei, Nissei, Sansei e Yonsei. Daí, me disse que se referia à graus, sendo os que nasceram no Japão, os filhos deles e depois tem dois termos usados para os imigrantes de outros países, principalmente os Estados Unidos e Brasil, que vem a ser os pais que nasceram lá e depois os filhos. Isso é muito interessante, porque Israel e nós judeus fazemos a mesma coisa, para não somente ter um mapeamento, mas para não fazer o que nós judeus dizemos, que é “apagar o nome do patriarca ou da casa do pai” de sobre a terra, dando prosseguimento tanto à memória dos antepassados, quanto também para ter uma base familiar sólida. E essa é uma maneira muito peculiar de manifesto cultural, o qual, antes de eu saber que os japoneses assim o fazem, achava que era só os judeus. Então, esse é também um forte indício.
Existem vários aspectos semelhantes nas duas culturas, o que é impressionante, e esperamos que mais estudos sejam realizados para desvendar certos mistérios da história.