No mês de junho, a Times Higher Education, da Inglaterra, como faz desde 2004, revelou os dados do levantamento anual (2021) das universidades a nível mundial. A Universidade de Tóquio é a número 6 da Ásia e se mantém em 36º lugar no mundo. De suas salas saíram nove vencedores de Prêmio Nobel, 15 primeiros-ministros e cinco astronautas. Não é pouca coisa, mas em 2014 estava em 23º no mundo e era o número 1 da Ásia!
Há que considerar o grande investimento realizado pelas universidades da Ásia em geral, cujo desempenho superou a da tradicional universidade japonesa. Em 2015, cinco universidades japonesas estavam no ranking das 200 melhores, entretanto, em 2021, apenas a Kyoto University, em 54º do mundo, além da Tokyo, permanece na lista.
O ex-Primeiro Ministro Shinzo Abe desejava elevar 10 universidades japonesas à lista dos 100 melhores até 2020, e isso, obviamente, não foi atingido. Além da supremacia das universidades americanas e inglesas que permanecem no topo, as escolas da China, Hong Kong, Cingapura e Coreia do Sul estão avançando rapidamente.
As escolas japonesas têm contratado professores do exterior, para melhorar a qualidade do ensino, porém, esbarram na questão do custo. Professores americanos de primeira linha ganham em média 270 mil dólares por ano (levantamento de 2014), e eles preferem trabalhar num ambiente onde estejam outros professores estrangeiros do mesmo nível, para poder compartilhar pesquisas usando os dados mais recentes. Há também diferenças culturais quanto à hierarquia no Japão e a adaptação das famílias no País distante e onde poucos realmente falam inglês.
A pesquisa da Time Higher Education leva em conta vários fatores como número de professores estrangeiros, número de pesquisas publicadas, quantidade de citações, reputação, proporção de estudantes para professores, quantidade de doutores formados no período analisado, etc. Sendo assim, um trabalho publicado em inglês poderá ser visto e citado por todos os países do mundo, mas um trabalho no idioma japonês registrará pouca consulta, evidentemente, e isso será desvantajoso se considerar o sistema de pontuação da Times Higher.
O governo japonês está preocupado com o nível de suas universidades. Nós também.
A melhor universidade brasileira é a Universidade de São Paulo, que tem 5.383 professores, 97 mil alunos, mais de 13.300 funcionários e forma cerca de 2.300 doutores por ano (dado de 2014), produzindo em torno de 25% de tudo o que se produz na área acadêmica no Brasil. A USP é a melhor no Brasil, mas é a 235ª do mundo, e perde para a Pontifical Catholic University of Chile. Mesmo dentre os países do BRICS e países emergentes, a USP está em 13º lugar.
Obs. Na listagem internacional, a classificação não especifica a colocação das universidades que não ficaram entre as 200 melhores, deixando a USP no bloco das 201 a 250, porém, pela ordem geral, a USP deverá estar na 235ª colocação. A segunda melhor do Brasil, a Unicamp, está no bloco das 401 a 500, enquanto a terceira posição ficou para a Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade Federal de São Paulo, Universidade Federal de Sergipe, e a PUC do Rio de Janeiro, todos no bloco de 601 a 800.
Confira você mesmo e saiba a metodologia empregada: Times Higher Education
Autor: Francisco Noriyuki Sato – jornalista, editor e professor de História do Japão.
Esta matéria foi publicada em 2014 e atualizada em 2021, Veja outros textos da série:
O custo do ensino no Japão hoje – 2
O Japão no ranking das universidades do mundo – 3
Conhecendo uma escola colegial japonesa
Conhecendo uma outra escola colegial japonesa
Se tiver interesse em saber mais, participe da série de palestras gratuitas (on-line) sobre o tema: Ensino no Japão:
22/08/2021 – “A História da Educação no Japão”, com o professor Francisco Noriyuki Sato, presidente da Abrademi, professor de História do Japão, e autor do livro História do Japão em Mangá.
29/08/2021 – “As Escolas Brasileiras no Japão”, com os professores Alexandre Funashima e Samuel Tachibana, da Escola Alegria de Saber, do Japão.
05/09/2021 – “A Educação Atual do Japão”, com a professora Sandra Terumi Suetsugu Kawabata, da Fundação Japão de São Paulo.