Envelopes com dinheiro

 

O desconhecimento dos costumes tradicionais em que a etiqueta se faz necessária provoca, muitas vezes, situações embaraçosas entre os descendentes de japoneses e parentes não descendentes. Colocando de maneira pratica, como se proceder quando um amigo ou conhecido da família falece?

Não se trata apenas de ir às cerimônias fúnebres, seja no templo budista ou na residência da pessoa falecida. É costume oferecer naquela ocasião um envelope com uma determinada soma de dinheiro. Tornou-se essa pratica uma formalidade que, por outro lado, suscita dúvidas. Pergunta-se, por exemplo, o valor que se coloca no envelope. Mais do que se preocupar com o valor em si, pode-se colocar a questão de outra forma: o que eu posso dar num momento tão difícil para a família enlutada?

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Essa quantia deve ser colocada num envelope branco, dessas de carta, ou num envelope apropriado para este fim – vendido nas lojas de produtos japoneses.

Normalmente escreve-se com pincel (fudê) à base de tinta preta (sumi). Mas isso não deve ser considerado uma regra. A dificuldade no Brasil em achar alguém que maneje bem o pincel tornou mais flexível esta tarefa. Pode-se usar uma caneta comum, como uma esferográfica, sem se preocupar com a estética que um pincel pode proporcionar.

Este envelope pode ser entregue à pessoa mais próxima do falecido – a esposa, o marido ou o filho mais velho. Antes da cerimônia fúnebre, quando se procede os pêsames, é o momento indicado para, também, ofertar o envelope. Outra prática bastante comum, principalmente quando a cerimônia está sendo realizada em casa, é oferecer o envelope diretamente ao falecido. Em outras palavras, ao Buda inscrito na tabuleta conhecida por “Ihai”. Isso acontece no momento em que as pessoas são convidadas pelo oficiante a oferecer incenso. O envelope pode ser depositado ao lado da caixa em que contém o incenso em pó ou no recipiente no qual se deposita as varetas de incenso.

Em alguns casos excepcionais, numa cerimônia com muitos convidados, no templo, uma mesa serve como recepção. É o local em que se assina o nome num livro de freqüência. O envelope deve ser entregue nesta ocasião.

Uma outra dúvida, bastante freqüente, é sobre em quais cerimônias oferecer o envelope. Pode-se referir à cerimônia de sete dias, quarenta e nove dias, de um ano e assim por diante. O mais comum é oferecer nas duas primeiras. São as datas mais próximas ao falecimento, o que justifica uma demonstração de apreço com o falecido e de compaixão com a família.

Kooden Gaeshi

A família que recebe esses valores no envelope (popularmente chamado de Kooden) pode receber mais do que o necessário para realizar o funeral ou a missa. Nesse caso, é bom costume doar o excedente para um hospital ou entidade beneficente, assim como para os templos. Essa doação é chamada de Kooden Gaeshi.

noshigamiLembrancinhas da Missa?

Quem já foi a uma missa tradicional deve ter visto. O objeto entregue no dia da missa pela família do falecido não é bem uma lembrança. Trata-se de um sinal de agradecimento por aquela família ter vindo orar pelo seu ente querido. Nesse sentido, poderia ser qualquer objeto, mas o mais certo é entregar pequenas toalhas de rosto (no Japão, pode ser usado como oshibori), discretas, geralmente brancas que podem ter detalhes impressos. Essa toalha vai coberta por um papel que tem desenho típico que é chamado de “noshi-gami” (ao lado). As Casas Pernambucanas, verificando esse nicho, produziu o ‘noshi-gami’ com o logotipo da loja para ser dado para quem compra as toalhinhas em quantidade. Como é feio ter um logotipo no ‘noshi-gami’, lojas de produtos japoneses vendem esse impresso.

Texto: Francisco Noriyuki Sato – Editor

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