O ano é 1961 e o lugar é Tóquio, a capital japonesa. O jovem escultor Hisao Ohara, de 29 anos, e sua esposa, a bailarina e coreógrafa Akiko Ohara (foto abaixo), de 26 anos, preparam suas malas para uma viagem inesquecível ao Brasil. Mas não iriam fazer turismo. Haviam decidido morar na Fazenda Yuba, em Mirandópolis/SP, onde o patriarca Isamu Yuba, visualizava uma nova fase cultural em sua comunidade, com a construção do teatro e o ensino da arte da escultura.
O casal chegou no dia 14 de dezembro daquele ano, e a comunidade começava a construir o seu teatro, onde a experiência de Hisao, formado em Belas Artes e com vivência em atuação, cenografia e iluminação, seria muito útil. Enquanto isso, as crianças ensaiavam as peças que seriam apresentadas na festa de Natal, e Akiko, com experiência em coreografia para televisão, começou a orientá-las. Logo, Akiko passou a ensinar balé moderno a esse grupo, formando o famoso balé de Yuba, que divulgaria o nome da fazenda comunitária para todo o mundo. Em 1974, o balé Yuba se apresentou ao então primeiro ministro Kakuei Tanaka, e em 1997, foi visto pelo casal imperial japonês em sua visita pelo Brasil.
Mais recentemente, a coreógrafa ajudou o grupo Tomodachi da cidade de Birigui a se preparar para o Festival Yosakoi Soran (leia na íntegra). Numa entrevista em 2011, Akiko Ohara contou que ela e o marido sempre apreciaram o Teatro Takarazuka e, enquanto morava no Japão, assistiram a todos os shows desse grupo teatral quando se apresentava em Tóquio. Quando Takarazuka visitou o Brasil na década de 70, o casal Ohara viajou a São Paulo para vê-lo no Teatro Municipal. O Takarazuka tem origem na cidade do mesmo nome, e se caracteriza por um elenco exclusivamente feminino. Na origem, em 1914, ele foi influenciado pelos musicais de Londres, Paris e Nova Iorque (mais sobre Takarazuka).
Akiko Ohara dará uma palestra sob o tema “Balé Yuba e eu: 50 anos de Brasil”. Promovido pelo Centro de Estudos Nipo-Brasileiros, a palestra será realizada em japonês, no dia 20 de agosto de 2014, à partir das 18h30, no Bunkyo, na Rua São Joaquim, 381 – 5º andar sala 53.
Informações: 11 3277-8616 – Centro de Estudos Nipo-Brasileiros