mar 182013
 

Hermengarda e Takeshita

Não se sabe ao certo qual foi o primeiro casal nipo-brasileiro da história, mas é certo que Hermengarda Leme Leite e Kwanichi Takeshita foram um dos pioneiros, numa época em que vigorava o preconceito racial. Ela, vindo de uma família tradicional de fazendeiros do café e professora. Ele, por sua vez, vindo da famosa Universidade de Waseda, chegou ao Brasil em 1924.
Casaram-se no dia 23 de outubro de 1929 no Consulado do Japão, e no dia 6 de novembro do mesmo ano no cartório, com testemunhas japonesas. Casaram-se na volta de uma partida de tênis de campo, ainda carregando as raquetes, e cada um foi para sua casa, e ninguém da família ficou sabendo.
E, quando souberam, foi um escândalo. Kwanichi não tinha parentes no Brasil, mas a Hermengarda carregava uma grande família e uma tradição maior ainda.
Com aquela decisão, Hermengarda perdeu sua família e tudo o que dispunha, para enfrentar a vida com um japonês inteligente, que era discriminado em todos os lugares. Hermengarda contou que, ao entrarem no cinema, percebia que todos estavam olhando. E quando ocupavam seus lugares, as pessoas que estavam sentadas começavam a se levantar e sair, deixando a sala praticamente vazia.
Kwanichi jogou tênis de campo nos clubes Tietê e Espéria na década de 1930, relembrando os tempos de estudante em Tóquio, quando passava as férias praticando esse esporte na cidade turística de Karuizawa, Nagano, no Japão. Ele lecionou no Taisho Shogakko, famosa escola japonesa que ficava na Rua Conde de Sarzedas, traduziu filmes japoneses para os cinemas, e fez muito mais. Durante o período da guerra, foi preso várias vezes por falar em japonês.
Hermengarda escreveu vários livros e o último foi uma autobiografia, escrita nos últimos anos de vida, quando o casal morava na Rua Carlos Gomes, na Liberdade. O casal faleceu na década de 1980, mas deixou uma emocionante história de amor, que merece ser lida.
No site Imigração Japonesa há um texto mais completo sobre essa história.