jul 202024
 

Há 60 anos, de 10 a 24 de outubro de 1964, foram realizados os Jogos Olímpicos de Tóquio. Esses Jogos seriam em 1940, mas haviam sido cancelados por causa da Guerra Sino-Japonesa, que começou em 1937. Derrotados e destruídos pela Segunda Guerra Mundial, o Japão recuperou sua autonomia apenas em 1952, e dali em diante foi um trabalho árduo para todos os japoneses, rumo à recuperação econômica do país. Os jogos de 1964 eram a oportunidade de mostrar ao mundo que o Japão já estava bem. Havia o esforço coletivo para melhorar o país, e nesse sentido, o desempenho dos atletas naquela competição era muito importante, principalmente para encorajar as pessoas a lutarem por uma vida melhor.

Nessa época, a prática esportiva fora das escolas era um luxo, não havia patrocinadores, e para aqueles que pretendiam competir, havia a possibilidade, dependendo da modalidade, de ser contratado por alguma empresa para trabalhar e treinar parte do dia. Outra possibilidade eram as universidades, algumas das quais investiam no esporte.

Kokichi Tsuburaya em São Paulo, preparando-se para a Corrida de São Silvestre, em 31/12/1964. O original, autografado por ele, está na Associação Fukushima Kenjin do Brasil. Kokichi escreveu em katakana: São Silvestre.

Kokichi Tsuburaya era um desses jovens promissores. Destacando-se nas tradicionais corridas Ekiden, que ocorrem em várias partes do país com competidores de idades variadas, ele pretendia trabalhar numa empresa de mineração de Fukushima, onde poderia continuar treinando. Ele não foi contratado, mas conseguiu emprego na Jieitai (força de defesa), que presta socorro em desastres naturais. Lá, sob a orientação de um bom técnico, conseguiu melhorar seus resultados, inclusive a nível internacional.

Nas Olimpíadas de Tóquio, Kokichi Tsuburaya, com 24 anos de idade, competiu na maratona (41 km), que foi vencido por Abebe Bikilia da Etiópia, que era o grande favorito, pois havia vencido os jogos de 1960 em Roma, na mesma modalidade. Tsuburaya estava em segundo lugar, quando, no final, foi ultrapassado pelo inglês Basil Heatley e terminou com a medalha de bronze. Tsuburaya havia batido seu próprio recorde, mas nunca se perdoou por não ter conseguido garantir o segundo lugar. Disse, após a prova, a um colega, que se sentia envergonhado por aquilo e que precisava trazer a medalha de ouro para o Japão nas próximas Olimpíadas que seriam no México em 1968.

Tsuburaya visitou no mesmo ano o Brasil, quando participou da Corrida Internacional de São Silvestre. Naquela época, o percurso era feito à noite e era calculado para terminar à meia-noite do dia 31 de dezembro. Soltava-se fogos de artifício e celebrava-se o início do Ano Novo. Era um grande evento. Em 1964, o belga Gaston Roelants venceu, o espanhol Mariano Haro ficou em segundo, e o japonês Kokichi Tsuburaya chegou em terceiro lugar no percurso de 7.400 metros.

Kokichi Tsuburaya continuou competindo representando a Jieitai e por uma universidade, se preparando para os jogos de 1968, entretanto, no dia 9 de janeiro de 1968, ele cometeu suicídio em seu dormitório, no alojamento da Jieitai em Tóquio. Deixou duas cartas, uma para seus pais e irmãos, e outra para colegas da Jieitai. Na primeira carta, ele agradece cuidadosamente a seus pais e irmãos citando os pratos que eles serviram para ele no Ano Novo quando se reuniram na casa dos seus pais em Sukagawa, Fukushima. Para seus pais, ele pede desculpas e diz: “Kokichi está totalmente exausto, não consegue mais correr”. Tsuburaya fazia tratamento no calcanhar de Aquiles nos dois pés e tinha sofrido uma cirurgia de hérnia de disco, ficando internado por três meses e tendo alta em novembro de 1967.

Apesar de haver uma história de desilusão amorosa no passado desse atleta, a responsabilidade de estar impossibilitado de trazer a sonhada medalha para o Japão em 1968, deve ter pesado forte na sua trágica decisão de tirar sua própria vida aos 27 anos de idade. O fato causou forte comoção nacional na época, e ainda hoje Kokichi é reverenciado como um grande atleta, detentor da única medalha japonesa na maratona olímpica até hoje.

Embora tenham nascido na mesma cidade de Sukagawa, na província de Fukushima, Kokichi Tsuburaya e Eiji Tsuburaya (autor de Godzilla e Ultraman) não são parentes diretos. Eles foram homenageados juntos em 2021, quando a cidade declarou ambos como “Cidadãos Honorários”. Hoje, Eiji Tsuburaya tem um museu em sua homenagem, e Kokichi Tsuburaya tem seu nome no centro esportivo da cidade, onde tem um pequeno museu sobre sua vida.

Francisco Noriyuki Sato, jornalista e editor. Presidente da Associação Fukushima Kenjinkai do Brasil.

Texto em japonês que escrevi sobre as Olimpíadas de Tóquio e National Kid

jan 122015
 

サンパウロ市の日本語学校で神尾先生が映写機を持ってきて見せてくれた8ミリの映画。確かぼやけた陸上競技のシーンでした。それが間違いなく私の東京オリンピックの思い出で有ります。当時ブラジルでは日本は全く別の世界でした。インターネットやビデオが無い時代で日本の情報も少なかったと思います。子供だった私達はオリンピック自体の大きさと素晴らしさも全然知りませんでした。サッカー以外のスポーツも見た事無かったかもしれません。当時私は小学一年生でした。

tokyo shonen sunday日本の漫画を読むようになって、少しずつ日本の事が分かる様になり、大人に成ってから1964年の東京オリンピックはものすごいイベントであったと分かりました。第二次世界大戦で破壊された日本が立ち上がったと世界に知らせる目的の大イベントでした。あのころ新幹線も日本の絵本などで見ましたが、実際比較するものも無く、デザインがきれいだったとしか思い出せません。ブラジルの汽車は1867年、つまり日本よりも先に作られました、と言ってもその後線路数は増えましたが、技術的な進歩も無く、高速列車なども無く、新幹線とは遠い親戚のような感じです。

東京オリンピックの四年前、1960年にプロレスの力道山がブラジルへ来て地元のプロレスラーたちと戦って勝利したと、お父さんから後で聞かせてもらいました。その時、ブラジルに住んでいた青年アントニオ猪木を日本へ連れて行ったとの事。私の父はサンパウロ市の中央市場でスイカの卸売りをしていました。猪木さんは同じ市場で荷物をトラックから降ろすバイトをしていたと父は言いました。確かに、猪木さんみたいに身体の大きな青年がいたら、何所でも目立っていたでしょうね。

nationalKIDでも、子供にとって一番大きなインパクトだったのは日本のスーパーヒーロー、ナショナル・キッドのテレビ放送でした。ブラジルの音楽番組の後で流され第1部「インカ族の来襲」は、今でも思い出します。宣伝も予告も無く突然現れたスーパーヒーロー。ブラジルとは関係無いと分かっていながらなぜ面白かったのだろう。1964年でした。当時のブラジルのテレビには日本人は出ていなかったので、めずらしいことで日本人がヒーローだとは考えらませんでした。

tokyo Olimpic expo2そうした思い出が沢山有ったので、昨年の十一月、滞在していた金沢から東京へ行って江戸東京博物館の「東京オリンピックと新幹線」の展示会を見に行きました。オリンピック当時の物が沢山並べられていましたが、自分が想像していた1964年の日本とは少し違うイメージが目を引きました。

五十年も経ってしまって今考えると、日系人として日本は戦争に負けたのだと言い聞かされ、日系人は少し馬鹿にされていたのかも知りません。そこで東京オリンピック、新幹線とナショナル・キッドが出たことにより、日系人として誇りを持てる物がそろって来たのかもしれません。それらの出来事が当時の日系人の子供や若者に勇気を与えてくれたのでしょう。遠いブラジルにいても日本の勝利を祝って応援していた日系人。その様なつながりが有ったのでした。

注・江戸東京博物館の小林克様と谷川真実子様、どうも有り難うございました。

佐藤フランシスコ紀行 ・ 新聞記者・2014年JICAの研修生として金沢大学でお世話に成りました。

 

out 122014
 
taiiku kurukuru papa.jpg

Foto Kurukuru Papa

Crianças de 10 anos conseguiam arremessar uma bola mais longe em 1964 do que em 2013. Essa constatação mereceu certo destaque nos noticiários japoneses, afinal, era curioso que as crianças de hoje, maiores e mais nutridas, tivessem desempenho inferior que a de seus avôs.

Anualmente, o Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia realiza um levantamento nacional abrangendo todas as faixas etárias, registrando os dados biométricos e as capacidades físicas da população. Isso começou em 1964, nas Olimpíadas de Tóquio, e os últimos dados foram divulgados no dia 12 de outubro, véspera do feriado nacional do Dia do Esporte.

De forma geral, toda população japonesa teve melhora substancial quanto ao desempenho até 1985. Esse foi o pico. Depois começou a declinar até 1998 quando registrou o pior resultado. A população infanto-juvenil melhorou nos anos seguintes, mas ainda não atingiu os dados de 1985. O Ministério da Educação espera que essa população jovem melhore nos próximos seis anos, quando alguns deles estarão disputando as Olimpíadas de Tóquio de 2020.

O Ministério comparou os dados das crianças de 10 anos de idade, dos anos de 1964 (essa criança terá 60 anos de idade hoje), de 1989 (terá 35 anos de idade), e de 2013. As meninas nessa idade são mais altas do que os meninos. Em 1964, o menino media 1,33m, em 1989 1,38m, e em 2013 mede 1,39m. A menina tinha 1,33m em 1964, 1,39 em 1989 e hoje tem 1,40m.

A capacidade de correr 50 metros alcançou 9″20 (meninos de 10 anos) e 9″41 (meninas) em 1989, mas o resultado diferiu apenas 0″1 em relação a 1964 e 2013. Já no salto lateral, onde são feitas três retas paralelas na quadra para pular, o desempenho foi melhor em 2013, atingindo 42,97 e 40,69 vezes em 20 segundos, com uma diferença considerável na comparação com 1964. Isso deve-se à maior estatura das crianças de hoje.

Já no arremesso da bola, levou-se em conta o arremesso do softbol, ou seja, por baixo, e a diferença foi surpreendente. Os meninos de 1964 conseguiram arremessar em média 30,38 m, enquanto em 1989 conseguiram jogar 28,37 m, e em 2013 atingiram a pior marca da história: apenas 24,45 m.

Especialistas dizem que para o arremesso da bola, além da força física, fazem diferença a prática e a técnica, e as crianças de hoje não teriam mais tempo para brincar de arremesso e nem espaço para isso. Mais uma questão a ser levada em conta para os preparativos de uma boa participação olímpica em casa.