ago 312019
 

Quatro associações das províncias da região de Shikoku, ao Sul do Japão, se unem para realizar o tradicional Undokai (leia-se undoukai), gincana poliesportiva, no Colégio Santa Amália, em São Paulo, no dia 15 de setembro, das 9 às 16 horas.  O ingresso é simbólico: R$ 5,00. Não se preocupe com a chuva. O local é coberto!

As atividades físicas e recreativas, na forma de brincadeiras, são para crianças de todas as idades. Que tal corrida de revezamento, ou passar a bola? E a prova de pegar emprestado? De jogar a bola na cesta? Venha reviver esses bons momentos e traga a família toda!

As províncias de Shikoku que organizam o Undokai são: Ehime, Kagawa, Kochi e Tokushima. Haverá no local barracas de alimentos típicos.

“O modelo do atual undoukai foi criado no século XIX, no início da Era Meiji (1868-1912), e embora atualmente a “gincana poliesportiva” seja essencialmente um evento civil e familiar, na origem era uma atividade militar. Registros da Marinha indicam que o primeiro undoukai teria sido realizado em março de 1874, num centro de alojamentos em Tóquio, sob a orientação de um instrutor inglês. Então chamado de “athletic sport”, o dia de competições abrangeu alguns tipos de corridas, arremesso de peso e algumas disputas de caráter mais divertido, como a “perseguição ao porco” (prova na qual vence o rapaz que conseguir pegar apenas com as próprias mãos um estabanado suíno besuntado com banha, que foge de seus perseguidores correndo a esmo), atividade aparentemente associada às festividades de colheita agrícola na Inglaterra. Em 1878, a Escola Agrícola de Sapporo, na província de Hokkaido, promoveu um evento parecido com o “athletic sport” de Tóquio, ao qual se deu o nome de Rikigeikai (reunião de força e arte). Alguns anos depois, em 1885, a Universidade de Tóquio realizou uma competição do tipo, na qual usou-se pela primeira vez a expressão undoukai, que era o nome do Departamento de Esportes da Tōkyō Daigaku, Universidade de Tóquio. Saiba mais sobre Undoukai no nosso link.

Colégio Santa Amália, na Avenida Jabaquara, perto da estação Saúde do metrô. A entrada é pela rua de trás, a Rua Fiação da Saúde, 480.

fev 082019
 

Pesquisa realizada por uma empresa independente com 1.212 pessoas de ambos os sexos acima de 20 anos de idade, em todo o Japão, em 2015, revelou que o beisebol continua sendo o esporte preferido, seguido pelo futebol e o tênis de campo. Entre as novas modalidades adicionadas nos próximos Jogos de Tóquio, 70% disseram preferir o beisebol e o softbol, seguidos pelo karatê e o boliche.

Um esporte que surgiu entre os samurais, o kyudô ainda é praticado nas escolas, principalmente pelas meninas © Lilac and Honey

O beisebol é, há muito tempo, o esporte nacional do Japão. Em quase todas as escolas, o campo ocupa um bom pedaço do terreno disponível e, talvez por isso, os jogadores mirins são vistos em qualquer lugar. O campeonato nacional colegial da modalidade, conhecido como Koshien, que é o nome do campo onde se realizam os principais jogos, é um grande evento de verão e é transmitido para todo o país.
O beisebol foi introduzido em 1872 e a liga profissional foi fundada em 1936. Em 1950, devido a grande quantidade de times, a mesma foi dividida em Liga Central, com as equipes mais antigas, e a Liga Pacífico, com os clubes novos da época. Ambas continuam até hoje. Atletas americanos, cubanos, nicaraguenses e até brasileiros são convidados a jogar nesses disputados torneios, porém, o regulamento permite a participação de apenas quatro jogadores estrangeiros por time.

Principal modalidade no Brasil, o futebol só se tornou popular há pouco mais de 20 anos, mais exatamente em 1992 quando a J-League foi fundada reunindo 18 times. Apesar disso, a história revela que um grupo de amadores disputou os Jogos Olímpicos de Berlin, em 1936, com a camisa do Japão, derrotando a então poderosa Suécia por 3 a 2. Já na categoria feminina, o futebol é pouco praticado e há poucos torcedores. Isso poderá mudar dependendo dos próximos resultados, pois a equipe feminina japonesa conquistou surpreendentemente a Copa do Mundo de 2011, vencendo os Estados Unidos na final.

Ekiden: tradicionais maratonas realizadas para todas as faixas etárias © Naoko

Yamate Park, em Yokohama, foi o primeiro parque em estilo ocidental construído no Japão, em 1870. Reduto de estrangeiros, o local sediou a primeira partida de tênis em solo japonês em 1876. E, dois anos depois, foram construídas quatro quadras no local, marcando a chegada oficial do esporte naquele país.

Quando foi proposto ensinar a educação física no estilo ocidental nas escolas, o tênis de campo foi uma das modalidades escolhidas. Na época, as bolas eram importadas e caras, sendo substituídas por aquelas flexíveis de borracha. E assim surgiu o soft tênis, que ainda hoje é muito praticado em escolas. Desde o sucesso de Kei Nishikori, que chegou a ser o número 4 do mundo em 2015, a modalidade ganha bastante destaque na mídia, o que poderá levar ao surgimento de outros bons atletas.

Correr e correr

Embora os japoneses não sejam os campeões da modalidade, a maratona é bastante praticada no Japão. Assim como no Brasil, as corridas de rua são populares e contam com muitos participantes. Por ser um país que prioriza o trabalho em grupo, era natural que o povo nipônico tivesse preferência por modalidades em equipe. É o que acontece com a corrida de revezamento. A primeira, conhecida como Ekiden, foi criada em 1917 pelo jornal Yomiuri Shimbun, em um percurso de 508 km ligando Quioto a Tóquio. Atualmente, diversos Ekiden são realizados em todo o Japão e o percurso varia bastante.

No campeonato nacional ginasial, por exemplo, cinco meninas correm 12 km no total, enquanto seis garotos perfazem um percurso maior, de 18 km. Já no campeonato colegial, cinco meninas devem correr 21 km e os sete meninos correm o dobro, 42,195 km. No campeonato interestadual, nove mulheres correm 42,195 km, enquanto sete homens correm 48 km. Há outros campeonatos universitários e regionais, sendo que o percurso mais longo é o Kyushu Ekiden, com 1064 km, cuja prova começou em 1951, sendo o percurso mais longo do mundo. A prova é realizada em dez dias. Os campeonatos são bastante populares e os principais contam com transmissão ao vivo pelas TVs.

A prática do kendô foi proibida em 1946 pelas forças de ocupação, mas voltou a ser praticado em 1950 © Youkaine

Apesar de não ser a modalidade mais praticada nas escolas, o basquete vem ganhando destaque desde que Yuta Yabuse, de 1,75 metros, trocou a equipe Toyota Alvark, onde disputou a Liga Japonesa, pelo Dallas Mavericks da NBA americana, em 2003. Ele trocou de time várias vezes e retornou ao Japão em 2008.

Seis anos mais jovem e mais alto, Takuya Kawamura, de 1,93 metros, seguiu do Japão para os EUA em 2009 para jogar no Phoenix Suns e hoje defende o Yokohama B-Corsairs no Japão. Além deles, merece destaque o desenhista Takehiko Inoue que, entre 1990 e 1996, produziu a série de mangá “Slum Dunk”, um grande sucesso, que alcançou mais de 120 milhões de exemplares vendidos, enfocando o basquete como tema. O sucesso desse mangá teria levado muitas a crianças a se interessarem pela modalidade. Inoue foi homenageado em 2010 pela Japan Basketball Association, na comemoração do 80º aniversário da entidade.

Sendo um dos países mais estruturados do mundo, todos os atletas e visitantes que presenciarão os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, esperam encontrar uma organização exemplar e uma perfeição em todos os detalhes quanto aos serviços locais. Dedicados como são, é possível que os japoneses consigam atender às expectativas dos visitantes e não farão feio. Por outro lado, não é possível, evidentemente, prever as medalhas que os japoneses conquistarão em seu território. Para isso, além do desempenho individual, contará com o investimento feito ao longo dos anos nas escolas e nas categorias infantis de cada modalidade disputada.

Autor: Francisco Noriyuki Sato, jornalista e editor. Escrito em Julho de 2017

Veja a continuação:

A prática esportiva começa bem cedo no Japão

fev 072019
 

 

Crianças participam do Undoukai nas escolas e se preparam para provas de corrida © Chris Lewis

Cinquenta e três anos depois dos primeiros Jogos Olímpicos realizados em Tóquio, em 1964, o Japão se prepara para o novo e grande desafio, as Olimpíadas de 2020. Estarão os atletas japoneses preparados para essa responsabilidade?

Yabusame, esporte dos samurais, continua sendo preservado como tradição cultural © Miki Yoshihito

A expectativa é grande. Se em 1964 eram 20 as modalidades disputadas, no próximo Jogos serão 28, além de outras 18 introduzidas em caráter experimental. A concorrência também aumentou. Em 1964 eram 93 países e 5 mil atletas, e para 2020 espera-se a participação de 206 países e 11 mil participantes, a exemplo do que foi nos Jogos realizados no Rio de Janeiro. Para os atletas japoneses, a expectativa é ainda maior, levando-se em conta o peso da responsabilidade de um ótimo desempenho na competição sediada pelo seu próprio país.

Aliás, as Olimpíadas de 1964 deixaram um gosto amargo no coração dos japoneses justamente no judô, esporte originário do país e que estreou naquele ano na competição. Das quatro categorias disputadas, três foram vencidas pelos japoneses, o que era esperado, mas na categoria livre (independente do peso), o gigante holandês Antonius Geesink derrotou o grande campeão e ídolo local Akio Kaminaga na luta decisiva e ficou com a medalha de ouro.

Foi uma notícia em que ninguém acreditaria se não fosse a transmissão pela TV para todo o território nacional. Tominaga tinha 1,79 metros e 102 kg, enquanto o holandês media 1,98 metros e 120 kg, mas acreditava-se que o atleta japonês conseguiria superar a diferença de peso entre eles. Tominaga parou de lutar no ano seguinte, devido à doença na retina. Geesink trocou o tatame pelo ringue de luta-livre e atuou no Japão em parceria com os renomados lutadores da época. Obteve depois o título de doutor com uma tese sobre o judô na Universidade Kokushikan e chegou ao 10º dan.

Em 1964, havia o esforço coletivo de mostrar o novo Japão ressurgido das cinzas da Segunda Guerra Mundial, e todos se esforçaram nesse sentido, principalmente os atletas, que conseguiram 16 medalhas de ouro, classificando o país como o terceiro melhor do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, com 36 medalhas, e da União Soviética, com 30.

Para 2020, os atletas carregam a responsabilidade de levantar o ânimo dos japoneses, que não conseguiram se recuperar após o estouro da Bolha Econômica (Lehman Shock) de 2008, e do trágico tsunami e do consequente vazamento radioativo de 2011.

O treinamento começa cedo

Seis anos antes das Olimpíadas de Tóquio, em 2014, a imprensa japonesa já prestava atenção nas competições nacionais infantis e aos talentos que essas revelavam. Diziam que era importante saber quem se destacava aos 12 anos, porque ele teria 18 em 2020 e poderia ser um representante do Japão.

E a imprensa teve muito trabalho naquele ano, pois há competições nacionais de quase todas as modalidades no Japão, já que o esporte começa a ser praticado na escola primária e continua nos níveis superiores, onde quase sempre há um bom espaço e uma boa estrutura. Quando se consegue um bom resultado em uma modalidade, a escola recebe um investimento maior na área e com isso se torna uma referência para as crianças que se sobressaem no esporte. E muitos disputarão uma vaga naquela escola que pode torná-lo um vencedor.

O undoukai, gincana poliesportiva, ainda é o principal evento esportivo anual das crianças © Miki Yoshihito

A Nippon Junior High School Physical Culture Association (Associação Japonesa de Cultura Física do Ensino Fundamental / Ginasial) realiza um levantamento anual sobre as atividades esportivas praticadas pelos alunos e alunas separadamente. Em 2017, constatou-se que entre 10.478 escolas ginasiais, em 8.071 as meninas praticam voleibol, enquanto que em 7.659 jogam basquete, em 6.990 o soft tênis, em 6.313 o atletismo, e em 5.856 o tênis de mesa. Já entre os meninos, em 8.639 instituições praticam o beisebol, em 7.151 o basquete, em 6.990 o futebol, em 6.668 o tênis de mesa e em 6.426, o atletismo. Apesar da estatura média do japonês não ajudar, o basquete é muito praticado nas escolas, tanto pelos meninos como pelas meninas, pelo fato de ser uma modalidade que pode ser praticada em quadra coberta.

Cabe lembrar que, devido a variações climáticas dentro do país, alguns esportes de quadras cobertas são mais praticados em locais de temperatura baixa, privilegiando também as modalidades de inverno, como o esqui e o hóquei no gelo. Algumas delas, por exigirem instalações apropriadas, são menos praticadas , mas é possível encontrar escolas equipadas e que participam de campeonatos regionais, caso de naguinata, kyudô, rugby, luta-livre, patinação artística e arco e flecha. Em algumas escolas do ensino fundamental é possível praticar o sumô, esporte símbolo do Japão.

É tudo estatística!

Quase todos os alunos das escolas japonesas do primário e do ginásio participam do exame anual de força física organizado pelo governo. Trata-se de um levantamento de aptidão física, importante para nortear os treinamentos nos cursos de educação física e nos esportivos opcionais. Pelo levantamento, concluiu-se, por exemplo, que as crianças que fazem brincadeiras físicas, como pular cordas, conseguem melhor desempenho quando praticam esportes.

Estatísticas mostram outros dados interessantes. Os meninos do ensino primário que gastam 7 horas ou mais em atividade física por semana, por exemplo, conseguem arremessar uma bola de softbol mais longe. No caso deles, alcançam a média de 25,8 metros, enquanto aqueles que dedicam menos horas conseguiram a média de 19,04 metros. Mais da metade dos meninos do ginasial consegue correr 50 metros em 7,93 segundos, se praticarem mais de 7 horas de atividade física por semana. Aqueles que praticam menos tempo conseguiram alcançar a média de 8,53 segundos. Como esses dados são levantados no país inteiro, servem para cada escola ajustar o treinamento de seus alunos comparando com os seus resultados anteriores e com os dados de outras instituições. Além disso, serve para mostrar que se deve praticar alguma atividade física evitando o sedentarismo.

Autor: Francisco Noriyuki Sato, jornalista e editor. Escrito em Julho de 2017

Veja a continuação:

Os esportes mais populares do Japão

jul 252017
 

Há muitos anos não era realizada essa gincana poliesportiva da Associação da Província de Kagawa no Brasil. Agora, munidos de uma boa equipe de voluntários, os dirigentes da entidade resolveram voltar a realizar essa atividade cultural e esportiva tão tradicional, que tem muito a ver com a cultura japonesa.

O Undoukai Kagawa 2017 será realizado no dia 6 de agosto,  domingo, entre 9 e 16 horas, no Colégio Santa Amália, que fica na Avenida Jabaquara, pertinho da Estação Saúde do metrô. A entrada custa R$ 5,00 e concorre a um sorteio durante o evento.

Todos podem participar das divertidas provas, que são divididas por faixa de idade e ainda recebem brindes como prêmio. Haverá estande de alimentos variados para abastecer os atletas e suas famílias.

Saiba exatamente a história e o que é o Undoukai!

ago 132016
 

Rio 2016 é o primeiro evento olímpico a ser realizado na América do Sul, porém,  comunidade nikkei já realiza, há quase 40 anos, um evento semelhante, mas logicamente menor, chamado “Confraternização Desportiva Nikkei”. Realizado a cada 2 ou 3 anos, a última ocorreu em 2014 na Bolívia, e o Brasil a sediou em 2008, na comemoração do centenário da imigração japonesa.

rio2016 poster jicaOs imigrantes japoneses vêm promovendo atividades esportivas como o sumô, beisebol, karatê, judô, kendô e atletismo, desde o início da imigração, começando com a tradicional gincana poliesportiva, o undoukai, geralmente promovido pelas escolas japonesas, que foi a porta de entrada ao esporte de muitas crianças que viviam no campo. Consta que o undoukai já era realizado dentro do navio que trazia os imigrantes em viagem para a América do Sul.

Com a estabilização dos japoneses em solo brasileiro, seus filhos começaram a se destacar no esporte. Foi o caso de Tetsuo Okamoto, nascido em Marília/SP, que foi o primeiro brasileiro a conquistar uma medalha olímpica em natação. Foi em Helsinque, em 1952. De lá para cá, muitos descendentes se destacaram no Brasil e em outros países.

rio2016 mscotePara contar essas e outras histórias, o Japan Overseas Migration Museum de Yokohama (no prédio da JICA Yokohama) preparou uma exposição com o título “Duas Olimpíadas e a Comunidade Nikkei Unida pelo Esporte”. Para quem está indo ao Japão, vale a pena se programar para ver essa exposição especial, que vai até o dia 25 de setembro de 2016. A entrada é franca. Para quem for no dia 20 e 28 de agosto, entre 14 e 15 horas, a legítima tocha olímpica do Rio 2016 estará disponível para os interessados tirarem uma foto com ela.

Saiba mais sobre Tetsuo Okamoto

Saiba mais sobre o Undoukai, a origem, a história e o que é

Link da exposição do Japan Overseas Migration Museum