:: Moti por Célia Sayuri Yano Também conhecido
como bolinho de
arroz. O arroz utilizado na
feitura do moti é diferente do arroz comumente
usado na culinária japonesa, e nas lojas vem especificado como
‘arroz moti’. O moti tsuki
(literalmente, ‘bater moti ’) é feito num ussu
(pilão japonês), com a ajuda de um tsuchi
(lê-se tsuti), que é uma espécie de grande marreta
de madeira. Sendo uma tarefa
para duas pessoas, o interessante começa aqui: uma bate enquanto
outra
esborrifa um pouco de água nos intervalos entre as batidas
(quando o
companheiro levanta o tsuchi); isso é
feito para o arroz não grudar no bastão ou no
pilão. O processo é repetido até
o arroz ficar no ponto certo do moti:
uma massa lisa e firme. Normalmente feito em
ocasiões
festivas, principalmente na véspera de Ano Novo, esse
método tradicional reúne
muitas pessoas em torno do pilão e cada uma bate algumas vezes,
simbolizando a
união, tanto no plantio, na colheita ou no preparo do arroz.
Esses grupos
costumam ser de homens (de um bairro, por exemplo), cada um trazendo
uma
quantidade de arroz cozido (obviamente, feito pela esposa, filha,
irmã ou mãe).
E o moti é feito em grande
quantidade, sendo distribuído entre os participantes. Ou
vendidos, no caso dos
eventos realizados no Bairro da Liberdade, em São Paulo, sempre
no dia 31 de
dezembro. Curiosidade: ussu,
ou pilão japonês, era feito
escavando-se um tronco de árvore
de grande envergadura. Nas antigas colônias de imigrantes
japoneses do Brasil
usava-se árvores nativas como matéria prima. Depois de
derrubado, o tronco
passava alguns dias sob chuva e sol até a seiva secar, e
só então era escavado
– do centro para as laterais. Depois de pronto, mais alguns dias para
secar e
seu interior recebia um banho de cera (material usado na
produção de velas),
para preencher possíveis rachaduras e orifícios da
madeira. Alguns tipos de moti: O-sonae moti – bolos
maiores e
sem recheio, de dois tamanhos diferentes (colocando-se o menor sobre o
maior),
feitos especialmente para oferecer nos altares budistas em
comemoração ao Ano
Novo. Ko-Moti – são os
bolinhos sem
recheio, geralmente vendidos em pacotes de dez ou doze unidades.
Conservar em
geladeira, embrulhado em papel alumínio ou em recipiente com
tampa e que não
tenha cheiro. Em dias frescos, pode ser deixado ao ar livre – mesmo que
resseque, basta aquecer um pouco no forno ou na frigideira para que
amoleça
novamente. O ko-moti
e o o-sonae moti
podem ser consumidos de várias maneiras: - Puro; só
polvilhado com
açúcar, ou com açúcar e um pouco de molho shoyu; - Grelhado (em chapa ou
frigideira sem óleo) – assim que estufar, é colocado num
prato (ou tigela) com
um pouco de molho shoyu e açúcar. Se
não tiver habilidade no uso do ohashi
(palitos próprios para pegar e comer os alimentos), use garfo e
faca para picar
o moti – prefira pedaços bem pequenos
para poder engoli-los, visto que a mastigação é
difícil. - Ozoni
– um prato típico de inverno, presente principalmente no Ano
Novo, mas que pode ser degustado em qualquer época do ano para
os apreciadores.
São pedaços de moti colocados em missoshiru. O ponto é quando os pedaços
menores se desintegram na sopa e os pedaços maiores ficam
flutuando. Cuidado: a falta de
hábito em comer este prato costuma
provocar engasgamentos. Anko-moti – moti
recheado com anko
(doce de feijão azuki). Kinako-moti – moti colorido por corante verde,
recheado com anko e polvilhado por kinako
(farinha de soja). A
combinação de motis coloridos
e outros doces que encontramos à venda nas lojas de produtos
japoneses
representa “a alegria sempre presente na vida, em cada dia do ano, como
se
fosse Dia de Ano Novo”. Nas tradições antigas existiam
regras na arrumação dos
pratos – de doces ou de outros, dependendo da ocasião: em
festividades, um
visual colorido e ‘expansivo’; e nas missas, um visual mais
sóbrio. Incluía-se
também a escolha das estampas de louças de acordo com as
estações do ano, assim
como as roupas. Mas, isso já é outra história. Hoje em dia o moti pode ser feito também com o uso do
liqüidificador, onde é moído antes de cozinhar. Receita de ‘Moti’
caseiro, com liquidificador
Ingredientes: 500 gr de arroz moti Água para deixar
de molho – pré
fervida ou mineral Recipiente – prefira os
de vidro
ou porcelana (que não deixa odores) Aproximadamente 02 copos
americanos de água pré fervida ou mineral para colocar no
liqüidificador. Modo de preparo: Após lavar bem,
deixar o arroz
de molho por 03 a 05 horas, com pouca água – suficiente para
cobrir os grãos e
mais um pouco. Jogar o que restar da
água do
molho e passar no liqüidificador, com 02 copos de água;
colocar na mesma
vasilha e deixar assentar por 01 hora (de preferência, na
geladeira, em dias
muito quentes). Para o cozimento,
preparar um
tecido fino dentro da panela à vapor para receber a massa de
arroz. Jogar a água em
excesso e
cozinhar a massa, mexendo de vez em quando com uma colher de pau (ou shamoji, próprio para arroz). Pode-se
deixar em fogo alto por 40 min ou até ficar no ponto. A característica
do moti é uma massa bem consistente. Para fazer os bolinhos
ou
recheá-los com anko, use a massa
ainda quente (num ponto que não queime as mãos). Para
facilitar, despeje sobre
uma superfície coberta com amido de milho (do tipo maisena) para
não grudar
tanto nas mãos. Pode-se usar uma colher para separar os
pedaços enquanto se faz
os bolinhos. Rende duas
porções de o-sonae-moti (uma menor e
outra maior).
Se for ko-moti, rende de 25 a 30
unidades. Dicas: - Use sempre água
pré-fervida,
filtrada ou mineral para evitar o cheiro característico do
cloro, no preparo do
arroz. - Se for rechear,
recomenda-se
fazer o anko antes. - Para cozinhar no
microondas:
usar recipiente para microondas e deixar por 10 minutos em
potência alta. AO USAR
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